quinta-feira, 31 de março de 2011

Ministra Luiza Bairros assume compromisso com os clubes sociais negros

Por Lisandro Paim – Jornalista/RS

Em reunião-almoço realizada nesta segunda-feira (28/03), a Ministra de Políticas Públicas da Igualdade Racial, Luiza Bairros, acompanhada pela secretária nacional de Comunidades Tradicionais, Ivonete Carvalho, foi recepcionada por representantes do Movimento de Clubes Sociais Negros do Rio Grande do Sul, no Convento dos Capuchinhos, em Porto Alegre. Esta é a primeira vez que Luiza Bairros vem a Porto Alegre após assumir a SEPPIR. Representando o Governo do Estado, o assessor do Vice-Governador Beto Grill, Luís Carlos Mattozo, participou da agenda.
Durante o encontro, os representantes dos clubes sociais negros solicitaram à Ministra o atendimento das demandas do segmento e fizeram um relato sobre os projetos desenvolvidos e a difícil situação em que encontram-se estas agremiações históricas da comunidade negra: a maioria destes espaços sofrem fortes agressões, por motivo de especulação imobiliária, racismo velado, ausência de condições econômicas para obras nas estruturas dos prédios, entre outros, muitas vezes tornando deficitária ou inviável a sobrevivência, destes lugares de memória. 
O  representante da Comissão Nacional de Clubes Sociais  Negros, Luis Carlos de Oliveira, entregou uma carta contendo as demandas, entre elas, as vinte prioritárias homologadas na II Conapir, além das Cartas de Santa Maria e Sabará, resultantes dos Encontros Nacionais de Clubes Sociais Negros, e do Estatuto da Igualdade Racial.
A ministra da SEPPIR lembrou que viveu uma parte da sua adolescência frequentando os clubes sociais negros de Porto Alegre, e por conhecer esta realidade as considera como importantes entidades de resistência. “Além de serem um espaços de associabilidade, os clubes negros colaboraram para a formação da identidade negra de toda uma geração da população gaúcha”, enfatizou.
Luiza Bairros analisou que a situação enfrentada por estas entidades nos municípios deve ter um olhar diferenciado pelo Poder Público, pela sua complexidade. “Está constituído materialmente um novo processo de racismo, que no Rio Grande do Sul traz elementos como especulação imobiliária e pagamento de impostos que impossibilitam apelar para a luta jurídica que impediria esta ameaça de ter que se deslocar a outro lugar, fora de áreas consideradas nobres”.
Luiza Bairros salientou que a SEPPIR irá fazer os recortes necessários para buscar o atendimento das demandas estruturais de acordo com a realidade específica dos clubes sociais negros. A Ministra frisou a relevância de ações em parceria entre os governos federal, estadual e municipal frente às diversas questões apontadas pelo segmento. “Pela importância histórica destas entidades, devemos tratar de forma conjunta a questão do tombamento dos clubes sociais negros, como meio de preservar a integridade territorial destes espaços”, enfatizou.
Ficou definido durante a reunião, que a Comissão Nacional de Clubes Sociais Negros vai elencar junto com a SEPPIR quais são os projetos prioritários de atendimento para os clubes sociais negros.
Secretaria de Cultura
A tarde, uma comissão dos Clubes Sociais Negros participou de uma agenda com a Secretaria Estadual de Cultura, proporcionada pelo Gabinete do vice-governador do RS. A partir deste encontro foi iniciado uma discussão dos projetos dos Clubes Sociais Negros e a relação com Estado tendo como foco dos pleitos dos Clubes a Lei Estadual 12918 datada de 2008, que dispõe sobre o assunto e o Estatuto de Promoção da Igualdade Racial do RS
Clubes Sociais Negros
Conforme descreve o saudoso poeta e historiador Oliveira Silveira, “os Clubes Sociais Negros são espaços associativos do grupo cultural étnico afro-brasileiro, originário da necessidade de convívio social do grupo, voluntariamente constituído e com caráter beneficente, recreativo e cultural, desenvolvendo atividades num espaço físico próprio”.
O Movimento Clubista, envolve um número aproximado de mais de 100 clubes sociais negros, distribuídos em diversas cidades do Brasil, tendo no Rio Grande do Sul sua maior expressão, com 55 dos clubes cadastrados da federação. Entre estas entidades, algumas já completaram mais de um século de história como reduto permanente da cultura e hábitos dos negros de nosso país.
Participantes
Também estiveram presentes na agenda com a ministra da SEPPIR, Luiza Bairros, o presidente do Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra do RS (Codene), Victor Hugo Amaro, o presidente do Centro Ecumênico de Cultura Negra (Cecune), Juarez Ribeiro, a coordenadora do Coletivo de Clubes Sociais Negros, Isabel Landim, o coordenador do Coletivo de Clubes Sociais Negros do Extremo Sul, Pedro Amaral, o coordenador da Região Metropolitana do Movimento Clubista do RS, Lisandro Paim, o coordenador da Região Sul, Rubinei Machado e a Negra Mais Brasil 2010, Camila dos Santos.
Presidentes e representantes de clubes e sociedades negras participaram do evento: Sociedade Floresta Aurora, de Porto Alegre, Associação Seis de Maio, de Gravataí, Associação Floresta Montenegrina, de Montenegro, Associação Rui Barbosa,  de Canoas, Sociedade 24 de Agosto, de Jaguarão, Sociedade Négo Football Clube, de Venâncio Aires, Sociedade Estrela do Oriente, de Rio Grande e Clube Fica Ahí, de Pelotas.

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