quarta-feira, 11 de maio de 2011

GrupUsina de Teatro traz de volta dia 13 de maio cena baiana o espetáculo cênico-musical Usina Conta Zumbi




13 de maio de 1888: a data que poderia representar muito mais que a extinção da escravidão em uma das últimas nações a por fim nesta prática atroz, tornou-se símbolo de uma abolição inconclusa, que colocou negros escravizados entregues à própria sorte, sem nenhuma estratégia de inclusão e de eliminação das desigualdades raciais. A data tornou-se, então, momento de reflexão e denúncia da manutenção das práticas discriminatórias que impedem aos negros o pleno exercício da cidadania.

Comemorando 10 anos de trajetória na cena teatral baiana, o GrupUsina de Teatro dará a sua contribuição a este debate, trazendo de volta à cena baiana o espetáculo cênico-musical Usina Conta Zumbi, uma homenagem ao mais importante líder da luta negra no Brasil. Após ser aplaudida no prestigiado Festival de Teatro de Curitiba (abril, 2011), a peça, com direção de Ana Paula Carneiro (Mister Holliday), terá reestreia no dia 13 de maio e será encenada sempre as quartas e sextas, às 20h, no Instituto Feminino da Bahia, no Politeama, até o dia 03 de junho. Os ingressos custam R$10,00 (inteira) e R$5,00 (meia).

O Instituto - Além de estrear em uma data emblemática da história nacional, o espetáculo será apresentado em um espaço não muito usual para a arte teatral e que guarda elementos que contam passagens da história do país. Entre as mais de três mil peças do museu, localizado no centenário casarão, está o traje de fios de ouro utilizado pela Princesa Isabel, no ato de assinatura da Lei Aurea, que aboliu, ao menos oficialmente, a escravidão no Brasil, em 1888.

O espetáculo recria, através de sucessivos quadros e músicas executadas ao vivo, a figura lendária de Zumbi, líder do quilombo de Palmares, símbolo de resistência contra a escravidão e a opressão. Livremente inspirado na histórica montagem de 1965, Arena Conta Zumbi - texto de Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri e música de Edu Lobo, o espetáculo dialoga com a contemporaneidade, relacionando os acontecimentos e personagens do passado com os fatos políticos, sociais e econômicos da atualidade, como trabalho escravo, ações afirmativas, sistema de cotas, inserção do negro na mídia e no mercado de trabalho, os movimentos sociais e a questão ambiental de Salvador.

A diretora - “Decidimos celebrar os 10 anos de criação da companhia com a releitura de um clássico do teatro político feito no Brasil. Colocando as nossas ideias e angustias em relação a um passado de horror do nosso Brasil e que deixou marcas profundas em nossa identidade”, explica a atriz e diretora, Ana Paula Carneiro, que vem de uma recente experiência cênica na assistência de direção do mega espetáculo A Paixão de Cristo, encenada por Paulo Dourado, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves. “Apostamos no trabalho de criação coletiva, investindo igualmente nas características do ator atuador e do sistema Curinga, criado por Augusto Boal”, destaca Ana Paula. O modelo dramatúrgico criado pelo encenador carioca permite a montagem de qualquer peça com elenco reduzido, ao focar na versatilidade dos atores e alterar as tradicionais relações narrativas de gênero, permitindo uma expressiva colagem estética. Fundadora da companhia, ao lado do ator, diretor e dramaturgo Uarlen Becker, Ana Paula Carneiro vem se destacado como atriz, em espetáculo como Três história pra lembrar (Luiz Antônio Jr.), Rubem (direção coletiva, sob supervisão de Fernando Guerreiro), Noite em família (Vida Oliveira), A grande Peleja (Ivo Gato), além das peças do GrupUsina.

A montagem Usina conta Zumbi comemora os 10 anos de atividades do GrupUsina de Teatro, companhia criada com o objetivo de encenar peças de diversos estilos, em palco, rua e espaços alternativos, investindo na pesquisa, na criação de uma dramaturgia própria e na prática constante da investigação dos elementos essenciais de comunicação do teatro. Nesta década de atuação, o grupo se apresentou em diversas cidades brasileiras, participou de importantes festivais, como o Festival de Curitiba, e ganhou prêmios, incluindo o prêmio Braskem de melhor peça baiana do ano de 2007, na categoria júri popular por Gozo Frio.

Entre as montagens do GrupUsina, estão: As Três Marias, Balada do lado sem luz, Poema de Banheiro, o infantil O gênio do livro, O homem que só comia veado, baseado na literatura de cordel, Mister Holliday, Gozo Frio, À maneira de Godard e D’As criadas, entre outros. No endereço:  www.usinacontazumbi.blogspot.com, há fotos e vídeos dos espetáculos do grupo, incluindo Usina conta Zumbi.

SERVIÇO
Usina conta Zumbi

Fonte: Correio Nagô

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