segunda-feira, 23 de maio de 2011

Idosos e mulheres são mais afetados pela miséria no DF

A pobreza extrema no Distrito Federal tem perfil diferente do resto do país, o que representa um desafio para a formulação de políticas públicas de erradicação da miséria. Em Brasília, a economia baseada em serviços e na renda do funcionalismo público exige níveis de qualificação mais elevados da mão de obra e impede a entrada de parcela da população no mercado de trabalho.
O perfil da pobreza extrema na capital do país foi apresentado por Jorge Abrahão de Castro, diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, durante o seminário A Dimensão e a Medida da Pobreza Extrema no Brasil. O evento, que foi organizado pelo Instituto em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e o governo local, é o primeiro de uma série. O objetivo é traçar perfis regionalizados da miséria e auxiliar a elaboração do Plano Nacional de Erradicação da Miséria. O próximo seminário ocorrerá em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, no dia 26 deste mês.  
No Distrito Federal, a população mais pobre é urbana, composta, em sua maioria, por mulheres com filhos ou idosos sem benefícios da previdência social. 85% dos extremamente pobres não têm qualquer tipo de ocupação, consequência da baixa escolaridade que, apesar de maior que a média nacional, é insuficiente para atender às necessidades do mercado local.
“No DF, quase não temos população rural idosa, o que diminui a cobertura previdenciária nessa faixa etária. Temos um tipo de família urbana, diferente, com mulheres criando os filhos sozinhas e sem creches. Todos esses fatores tornam maiores as vulnerabilidades dessa população e dificulta o trabalho da política social”, explicou o diretor do Ipea.
No Brasil, a pobreza e a desigualdade social diminuíram nos últimos anos. Já no Distrito Federal, a pobreza manteve-se nos mesmos patamares e a desigualdade cresceu. “O padrão de crescimento do DF é diferente, pois não elimina a pobreza e intensifica a desigualdade. É uma economia de serviços, com contribuição dos salários do funcionalismo”, argumentou Jorge Abrahão. 
Para a secretária de Desenvolvimento Social do Distrito Federal, Arlete Sampaio, a pobreza extrema deve ser combatida com qualificação profissional. “A inclusão produtiva, um dos pilares do plano de erradicação da miséria, vai ser o nosso maior desafio. Precisamos incentivar a qualificação em áreas fortes no DF como a construção civil”, comentou.
Rômulo Souza, do MDS, acredita que o Distrito Federal tem uma capacidade de atuação maior que outras unidades da federação. “Os níveis de governo estão muito próximos e no DF existe uma estrutura urbana que facilita o acesso a essas pessoas. O poder público pode atuar de forma mais eficiente para aumentar a renda da população mais pobre” afirmou.

Fonte : IPEA

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