segunda-feira, 25 de julho de 2011

25 de julho - O Dia da Mulher Negra Latina-americana e Caribenha

por Mônica  Aguiar

Falar da mulher negra no Brasil é falar de uma história de exclusão onde as variáveis sexismo, racismo e pobreza permanecem  estruturantes.
É sobre a mulher negra que recai todo o peso da herança colonial, onde o sistema patriarcal apóia-se solidamente no racismo.
Ao analisarmos a situação da mulher negra no Brasil temos que partir da desigualdade histórica entre a mulher branca e a negra, abordando os avanços mas principalmente os  obstáculos de gênero, a partir do referencial de raça.
No  Censo Demográfico de 2000, éramos  169,5 milhões de brasileiros, dos quais 50,79% do sexo feminino. Os negros já perfaziam 45,3% do total da população. As mulheres negras atingiu nesta época a 49% da população negra, correspondendo a 37.602.461 habitantes.
E esses índices populacionais já revelavam que ao tratar da população afro-descendente não se podia mais denominar-las minorias, tendo como referencia o percentual populacional.
 As mulheres negras contribuíram de forma inquestionável para a construção socioeconômica e cultural de nosso país.
Fomos decisivas para várias conquistas de direitos de todas as brasileiras independente da etnia. Mesmo assim estamos sub-representadas no parlamento, e instância de poder deliberativos independente da esfera.
Atualmente mais da metade da população brasileira (63,7%) acredita que cor da pele ou raça exerce efeitos nas relações cotidianas. Constatação da pesquisa divulgada dia 22/07/11,  pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Entre  todas as conseqüências desta situação social e econômica  provoca-se  também  o nosso aniquilamento físico e político,  que com certeza atingirá profundamente, as novas gerações.
Esta situação de máxima exclusão pode ser percebida quando analisamos a inserção da população feminina negra em diferentes campos já citados,  mas  também com relação as relações de trabalho, relação família, relações as organizações sociais, posturas políticas  e principalmente relações humanas cotidiana  .

A luta contra o racismo e o desmascaramento do mito da democracia racial conquistou o envolvimento e o comprometimento de outros setores da sociedade civil organizada. Isto ninguém pode negar.
Agora,  assumir que é graças o grito de liberdade realizado pela mulher negra em seu cotidiano, são poucos e poucas que assumem e oportunizam este saber, este pensar este olhar.
Nós negras ainda estamos exposta à miséria, à pobreza, à violência, ao analfabetismo, à precariedade de atendimento nos serviços assistenciais, educacionais e de saúde.
Trata-se de uma maioria sem acesso aos bens e serviços existentes em nossa sociedade e, em muito, exposta à violência de gênero e racial.
Devemos lembrar que não somos objetos para que nossas especificidades sejam feitas recortes.

HISTÓRIA DE LUTAS
O 25 de julho  Dia da Mulher Negra Latina-americana vem com o propósito de construir um alerta visível para dizer ao mundo que nós, as negras da América Latina e do Caribe, existimos e vivemos em condições de opressão de gênero e racial/étnica singulares, o que implica em demandas próprias.
O Dia da Mulher Negra Latina-americana e Caribenha demarca que rompemos, para sempre, com os mitos "da mulher universal".
É necessário consolidar esta data para simbolizar quem somos  e  como vivemos enquanto mulheres negras.
A democracia pressupõe o efetivo exercício do ir e vir. Ter acessos, oportunidades, igualdade de direitos, isto ainda não é uma realidade das  afrodescendente brasileiras.

Mudar este quadro  se faz necessário. È   REPARAÇÃO !








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