sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A União Africana e os desafios do futuro do continente

Fonte : ANGOP
    Luanda - O ano de 2011, à semelhança dos anteriores, termina com as mesmas incertezas, sobre a postura da União Africana face aos desafios que se colocam ao continente, para a resolução das crises e conflitos que o assolam há décadas.
 Se a evolução da OUA (Organização da Unidade Africana) para UA (União Africana) representou, para muitos, uma esperança e uma mudança de página de uma organização quase moribunda, depois de cumprir o seu programa mínimo, que era a libertação do continente do jugo colonial, o mesmo já não se pode dizer da sua sucessora.
 Assim, e desde o seu nascimento, a UA arrasta-se como uma instituição conformada com o destino traçado pelas grandes potências, não tendo, em consequência, sequer conseguido resolver o conflito de Darfur ou a pirataria nas águas do Índico.
 A crise pós-eleitoral, na Côte d'Ivoire, evoluiu para uma guerra civil, opondo o  então exército leal ao presidente Laurent Gbagbo e as milícias de Alasane Ouattara, que só terminou com a intervenção de forças francesas.
 Tão-pouco conseguiu defender o sagrado princípio de não extradição de líderes africanos para o Tribunal Penal Internacional (TPI), como veio a acontecer com  Ouattara, que permitiu a transferência do seu opositor para Haia (Holanda), onde vai ser julgado.  
 Outra questão candente que a UA não conseguiu resolver foi a invasão da Líbia pela OTAN, apesar de algumas mal-sucedidas iniciativas diplomáticas para se resolver a crise pela via da negociação.
 Com Muammar Kadhafi derrubado e morto, a UA de imediato cedeu o lugar da Líbia na organização ao novo Conselho Nacional de Transição (CNT).
 A excepção foi a África Austral, a única região com opiniões próprias - salvo Moçambique - onde nenhum país reconheceu o CNT.
 Além de ser a região mais rica de África, a África Austral também foi a única que não aderiu à constituição dos Estados Unidos Africanos, defendidos por Muammar Kadhafi.   
 A UA esteve também, como sempre, sem voz na “Primavera Árabe”, durante a qual foram derrubados os presidentes Ben Ali, da Tunísia, e Hosni Mubarak, do Egipto,  ante a passividade da organização continental.
 Postura positiva teve, no entanto, no processo de auto-determinação do Sudão do Sul, que se tornou no 54º Estado-membro da organização.
 No plano económico, continuaram as querelas, entre a UA e a NEPAD, sobre qual delas compete liderar o desenvolvimento económico do continente.
 Surgida como esperança para a África, ao gizar um programa estruturado de desenvolvimento económico - o primeiro concebido por africanos para os africanos - a NEPAD não conseguiu sair dos "notebooks" dos seus autores, por  falta de cooperação destes com os Estados e beneficiários.
 Um outro mal que enferma a maioria dos programas de desenvolvimento do continente, segundo um reputado historiador gabonês, é o facto de 77 porcento dos projectos de desenvolvimento de África serem financiados pelo
Ocidente.
 Segundo o historiador, se o Ocidente estivesse, realmente, interessado no desenvolvimento de África, o continente já o seria há muitos anos, mas os ocidentais o têm apenas como fonte de matérias-primas.
 Assim, é urgente que se supere a mentalidade de inferioridade face ao Ocidente se ultrapassem as divisões ideológicas entre os seus líderes, presentes desde a criação da Organização da Unidade Africana (OUA), em 1963.
 Por último, é também importante opelo aos países ricos e economicamente mais desenvolvidos do continente a apoiar os países pobres e apostar na valorização dos seus próprios quadros.

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