segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Mais presente no mercado, mulher tem menos filhos


Em uma década, as mulheres ampliaram sua presença no mercado formal de trabalho, mas também aumentaram sua jornada. Estudaram mais e passaram a chefiar um número maior de famílias.
Também passaram a ter menos filhos e postergaram a maternidade -o que contribuiu para o envelhecimento da população do país no período.
A tendência de mudança no perfil feminino, já sinalizada em pesquisas anteriores, é confirmada pelos dados da Síntese de Indicadores Sociais, divulgada ontem pelo IBGE.
Simultaneamente ao crescimento de 43,2% para 54,8% no número de mulheres ocupadas formalmente entre 2001 e 2011, elas adiaram a maternidade, o que ocorreu em todas as faixas etárias da fase reprodutiva.
Na de 25 a 29 anos, 31% não tinham filhos em 2001. Dez anos mais tarde, o percentual subiu para 40,8%. Quanto maior o nível de estudo, mais tardia é a maternidade, segundo o IBGE.
Tal comportamento rebateu na taxa de fecundidade do país, que caiu para 1,95 filho por mulher em 2011, menos do que o necessário para "repor" a população (2,1 filhos) e evitar o decréscimo de habitantes no futuro.
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'NATURAL'
Gabriel Ulyssea, pesquisador do Ipea, diz que "é natural que a maior participação feminina no mercado de trabalho leve ao adiamento da decisão de ter filhos".
"É algo que ocorreu já em países desenvolvidos e estamos vivendo agora no Brasil de modo mais intenso."
Para Márcio Salvato, professor do Ibmec, os dois fenômenos (recuo da fecundidade e inserção no mercado de trabalho) ocorreram em paralelo, decorrentes da maior urbanização do país e do avanço da escolaridade das mulheres.
Mesmo mais instruídas e chefiando um número maior de lares (em sua maioria, sem a presença do pai), as mulheres têm renda correspondente a 73,3% da dos homens.
"Estudos mostram que, comparando os mesmo setores e escolaridade, as mulheres ganham menos. É uma prova da discriminação no mercado de trabalho", diz Salvato.
Ulyssea pondera que em todo mundo, mesmo em países desenvolvidos, o problema do diferencial de salários persiste, embora tenha se reduzido -em 2001, as mulheres brasileiras ganhavam 69% do rendimento masculino.
Apesar de ampliarem sua jornada entre 2001 a 2011, as mulheres continuavam a dedicar menos tempo ao trabalho produtivo do que os homens. Mas, se incluído nessa conta o tempo gasto com afazeres domésticos, a jornada semanal das mulheres tinha dez horas a mais do que a dos homens.
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MERCADO MATRIMONIAL
Outro dado revelado pela pesquisa é que o "mercado matrimonial" está mais restrito para elas: "faltavam" quase 6 homens para cada grupo de 100 mulheres.
Em Salvador e Rio de Janeiro, o problema era mais grave. As regiões metropolitanas com menor deficit de homens eram de Curitiba, São Paulo e Belo Horizonte.

Fonte e texto : Agencia Patricia Galvão 

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