terça-feira, 15 de outubro de 2013

Em uma década, cresce 21,4% número de mulheres empreendedoras

As mulheres não são a maioria entre os empresários, mas o número de empreendedoras cresceu 21,4% entre 2001 e 2011. No mesmo período, a participação dos homens à frente dos micro e pequenos negócios subiu 9,8%. De cada dez empresas em atividade no Brasil, três são comandadas pela força feminina, considerada mais detalhista e intuitiva, o que contribui para a gestão do negócio.
O diagnóstico é parte do Anuário das Mulheres Empreendedoras e Trabalhadores em Micro e Pequenas Empresas, elaborado em pelo Sebrae e Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) e obtido com exclusividade pelo GLOBO. O estudo analisou o perfil de gênero nos pequenos negócios — que faturam até R$ 3,6 milhões por ano.

No Norte, alta de 80%

Um aspecto curioso na pesquisa é que a mulher empreendedora tem atributos que se tornam imbatíveis em relação ao homem empreendedor: dá mais atenção a clientes; investe mais em capacitação; e costuma conciliar melhor atividades pessoais e profissionais. Ela busca o empreendedorismo para ter maior flexibilidade de horários. Além disso, consegue aliar coragem, iniciativa e determinação à sensibilidade, intuição e cooperação.
O estudo também revela que 41,3% das mulheres que montaram um negócio estão na faixa de 18 a 39 anos de idade e 52% têm entre 40 e 64 anos. Cerca de 40% são chefes de família, sendo que 70% têm ao menos um filho.
A região Norte foi a que teve o maior crescimento de empreendedoras no país. Em dez anos, houve uma alta de quase 80%. A região Centro-Oeste apareceu em segundo lugar, com 43%.
O Sudeste, com o maior número de empreendedoras do país, 2,9 milhões, teve alta de 19,7%. Na Sul, o aumento foi de 16,4%.
São mulheres como Agda Oliver, que, após desembolsar "uma fortuna" em oficina mecânica na revisão do veículo, incluindo o pagamento de serviços desnecessários, decidiu montar o "Meu Mecânico", em Ceilândia, cidade próxima a Brasília. Largou a profissão de bancária em 2010 e preparou-se dois anos para entender o ronco do motor.
— Ao saber que outras mulheres enfrentavam problemas em oficinas, percebi que montar uma empresa para esse público seria uma ótima oportunidade.
Hoje, dos seis carros atendidos por dia, quatro são de mulheres. As clientes têm, entre outras vantagens, desconto em um salão de beleza e em uma rede de academias. A empresa, aberta em espaço alugado, com um funcionário e faturamento inicial de R$ 20 mil, já tem receita de R$ 60 mil e com seis trabalhadores.

Mais mudanças pela frente

Há cerca de cinco anos, ao retornar de uma temporada no Japão com o marido, Rosana Okada começou a vender sushi em marmitas. Agora, atende a grandes eventos e festas em geral.
— Meu marido é descendente de japonês e, depois que morei lá, peguei gosto pela culinária local. Quando cheguei aqui, resolvi fazer da paixão um negócio — explicou a sushiwoman.
De acordo com o presidente do Sebrae, Luiz Barretto, esses relatos comprovam uma tendência. Ele enfatizou que quase metade das empreendedoras é responsável pela educação de seus descendentes e isso não as impede de tocar seus negócios:
— Há algumas décadas, o avanço feminino no mercado de trabalho é percebido em frentes variadas e não poderia ser diferente no empreendedorismo.
Para o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, há uma clara mudança na participação da mulher na vida econômica, mas ainda há mais por vir:
— Será preciso um conjunto de transformações na vida pública e política com a presença das mulheres nos negócios, mas a situação precisará mudar também dentro dos lares. As mulheres promoverão transformações no mundo dos homens e a sociedade toda irá se beneficiar.

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