segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A artista plástica angolana, Marcela Costa, considerou, ser imperiosa a criação de um Museu de Arte em Angola

A artista plástica angolana, Marcela Costa, considerou, ser imperiosa a criação de um Museu de Arte em Angola por formas a catalogar o trajeto dos criadores nacionais. 


Marcela Costa, que fez esta consideração à Angop, referiu que, por exemplo, está na arte há mais de 30 anos e todo o seu labor devia estar exposto num museu. “Temos os artistas plásticos António Olé, Francisco Van-Dúnem, Jorge Gumbe e outros criadores de referência cujos feitos devem ser conhecidos”, asseverou. O labor destes artistas, apontou, devem estar em algum lado e melhor em Angola, para que as novas gerações os conheçam e saibam realmente o que se fez e faz em torno da arte angolana.A criadora apontou ainda necessidade da preservação das vestes dos grupos carnavalescos antigos, pois estes adereços contam a história do Entrudo angolano. “Muitas destas vestes estão guardadas em casa dos integrantes dos grupos e aí muita coisa já se perdeu”, salientou. Para Marcela Costa, que também é a directora da Galeria Celamar, a cultura, sendo a chave de um povo, deve necessariamente acompanhar esta dinâmica actual.    Tecelã e pintora, Marcela Martins Costa nasceu em Setembro de 1957, em Golungo Alto, na província do Kwanza Norte, em Angola. Depois de concluir o curso de Artes Visuais na Escola Industrial de Luanda, foi convidada por um dos seus professores, o pintor Viteix (Vítor Teixeira), para integrar um projecto de desenvolvimento cultural, que se encontrava a cargo do Conselho Nacional da Cultura. Posteriormente, trabalhou como desenhadora no Departamento Nacional de Museus e Monumentos e, em seguida, fez diversos cursos de tecelagem artística e de serigrafia na Suécia e no Brasil. Em 1995, criou o Atelier de Artes Marcela Costa. Realizou várias exposições, a nível individual e colectivo, em países como Reino Unido, Brasil, França, Zimbabwe, Estados Unidos, Zâmbia, África do Sul, entre outros. Em 2002, inaugurou uma exposição, cujo tema foi "Arte Mulher-Angola 25 anos". Nesse mesmo ano, recebeu o Prémio Nacional de Cultura e Artes, na categoria de

Artes Plásticas.
Marcela Costa utiliza, nas suas criações, materiais como tecido, areia, estampas aplicadas, texturas naturais, em formas preferencialmente curvas que traduzem uma expressão no feminino e uma proximidade à terra.

Fonte: ANGOP

3º Encontro de Núcleos e Grupos de Pesquisa: "Pensando Gênero e Ciência"

25/09 - SPM abre Inscrições de para o 3 º Encontro de Núcleos e Grupos de Pesquisa Evento integra programa ‘Mulher e Ciência’, que promove a participação das mulheres no campo científico e acadêmico. 


Acesse aqui a programação.
Encontram-se abertas as inscrições para o 3º Encontro de Núcleos e Grupos de Pesquisa – Pensando Gênero e Ciências que acontece, em Brasília, de 11 a 13 de novembro de 2013. O objetivo é aprofundar discussões em torno das políticas públicas voltadas para a promoção da pesquisa sobre as relações de gênero.
 
As políticas de formação para professores e estudantes sobre as relações de gênero serão debatidas durante o evento, organizado através da parceria da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) do Ministério da Educação (MEC) e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
 
Mulher e Ciência – O encontro é uma atividade do programa ‘Mulher e Ciência’, lançado em 2005, para estimular a produção científica e a reflexão acerca das relações de gênero, mulheres e feminismos no país, além de promover a participação das mulheres no campo das ciências e carreiras acadêmicas.
 
Acesse aqui a ficha de inscrição.
 
 
 
Comunicação Social
Secretaria de Políticas para as Mulheres – SPM

Barreiras contra a inclusão das mulheres na economia cai

As barreiras à inclusão econômica das mulheres vêm caindo nos últimos 50 anos em todo o mundo, no entanto, em alguns países, muitas leis ainda impedem a participação das mulheres na economia, aponta documento divulgado hoje (24) pelo Banco Mundial.
De acordo com o terceiro relatório da série Mulheres, Empresas e o Direito 2014: Removendo Restrições para Aumentar a Igualdade de Gênero, as leis que restringem a atividade econômica das mulheres são prevalentes no Oriente Médio e Norte da África, África Subsaariana e Sul da Ásia.
O relatório indica que 44 economias fizeram alterações jurídicas, aumentando as oportunidades das mulheres nos dois últimos anos. Em países como Costa do Marfim e Mali, os maridos não podem mais impedir as mulheres de trabalharem. As Filipinas retiraram as restrições ao trabalho noturno e a República Eslovaca aumentou o percentual dos salários pagos durante a licença-maternidade.
As economias do Leste Europeu e Ásia Central são apontadas como as que têm a mais extensa lista de trabalhos que não podem ser executados por mulheres. Na Federação Russa, as mulheres não podem dirigir caminhões no setor agrícola; na Bielorrússia, elas não podem ser carpinteiras, e no Cazaquistão não podem ser soldadoras.
O relatório mostra que as economias com o maior número de restrições ao emprego para mulheres têm menor participação feminina na força de trabalho formal. “Talvez, as restrições sejam resultado de um desejo de proteger as mulheres, mas podem restringir as opções de emprego”, destaca o documento.
De 1960 a 2010, foram retiradas mais da metade das restrições aos direitos de propriedade das mulheres e sua capacidade para realizar transações nas 100 economias estudadas. As restrições em três regiões – África Subsaariana, América Latina e Caribe, e Leste Asiático e Pacífico – caíram pela metade. Embora algumas restrições tenham sido removidas no Sul da Ásia, no Oriente Médio e Norte da África, as regiões foram as que fizeram menos reformas.
O relatório aponta para a existência e o alcance de leis em duas áreas de violência contra mulheres: assédio sexual e violência doméstica. Nas economias estudadas, os dados mostram que as proibições contra o assédio sexual no local de trabalho são muito difundidas, em 78 delas há legislação e mais da metade delas criminalizam o comportamento.
Leis sobre violência doméstica também são frequentes: 76 economias têm leis que proíbem a violência doméstica. A região de estudo do relatório com o menor número de leis sobre violência doméstica é a formada pelo Oriente Médio e Norte da África.



Mulheres e negros são maioria entre os que buscam trabalho .

Mulheres, pretos e pardos e pessoas que não completaram o ensino médio eram a maioria entre os desocupados no país no ano passado, apontam dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2012, divulgados nesta sexta-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Pessoas desocupadas são aquelas que não estão ocupadas e tomaram alguma providência efetiva para conseguir trabalho, ou seja, estão em busca de alguma ocupação.
O contingente de desocupados no país era de 6,2 milhões no ano passado, uma queda de 7,2% sobre 2011. Mais da metade, ou 57,8%, dos desocupados eram mulheres; 30,5% deles nunca tinham trabalhado; 34,6% eram jovens entre 18 e 24 anos de idade; 59,9% eram pretos ou pardos e 53,1% deles não tinham completado o ensino médio, diz a pesquisa. (Os termos branco, preto e pardo são utilizados no relatório oficial do IBGE).
A análise regional mostrou que a queda de 2011 para 2012 foi mais acentuada nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, respectivamente, de 11,1% e 10,1%.
De acordo com o IBGE, a população desocupada leva em conta pessoas com 15 anos ou mais.

População ocupada

De acordo com o IBGE, a população ocupada, por sua vez, totalizou 93,9 milhões de trabalhadores em 2012, crescimento de 1,6% frente a 2011.

Do total, 62,1% eram empregados (58,3 milhões), 20,8% trabalhadores por conta própria (19,5 milhões), 6,8% de trabalhadores domésticos (6,4 milhões) e 3,8% empregadores (3,6 milhões).
Outros 6,2 milhões eram distribuídos em trabalhadores não remunerados (2,7%), trabalhadores na produção para o próprio consumo (3,8%) e trabalhadores na construção para próprio uso (0,1%).

Ramos de atividade

Entre os ramos de atividade, os serviços era responsável por 42,4 milhões de trabalhadores, ou 45,2% dos ocupados em 2012 (o percentual era de 44,9% em 2011).

O comércio e reparação, com aproximadamente 16,7 milhões de pessoas (ou 17,8% dos ocupados), era o segundo ramo de atividade com o maior contingente, com alta de 1,2% sobre 2011. Nas atividades agrícolas havia 13,4 milhões de trabalhadores, redução de 756 mil sobre 2011 ou queda de 5,4%.
A construção, por sua vez, manteve trajetória de crescimento, com 8,7% da população  ocupada em 2012 (com 8,2 milhões de trabalhadores), frente a 8,4% no ano anterior.
A indústria, por sua vez, tinha 13,2 milhões de trabalhadores e apresentou recuperação da participação na população ocupada: de 14% em 2012 ante a 13,5% em 2011.
De acordo com a pesquisa, em 2012, o país registrava 3,5 milhões de trabalhadores de 5 a 17 anos de idade, queda de 156 mil pessoas sobre 2011.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

SEMINÁRIO DEMOCRACIA E DESENVOLVIMENTO POR UM BRASIL AFIRMATIVO

Planejamento regulamentará Lei de Cotas Raciais para concursos públicos federais

Representantes do movimento negro vinculados à organização não governamental (ONG) Educafro obtiveram do Ministério do Planejamento o compromisso de encaminhar até 2 de outubro à Casa Civil da Presidência da República a regulamentação da Lei de Cotas Raciais para concursos públicos federais. A pasta confirmou o acordo por meio de sua assessoria de comunicação. Atualmente, só existem cotas para o ingresso de deficientes físicos no serviço público federal, com reserva de 20% das vagas.

Pela manhã,  representantes da ONG fecharam duas faixas da pista em frente a um dos prédios onde funciona o Ministério do Planejamento, no Bloco K da Esplanada dos Ministérios. Eles também impediram a entrada e a saída de pessoas do edifício. Depois, tiveram uma primeira reunião com o órgão que terminou sem acordo. Cinco líderes do movimento ameaçaram permanecer no local em greve de fome. O grupo foi chamado para uma nova reunião à tarde, em que foi estabelecida a data para envio do texto
"O Ministério do Planejamento, que durante três anos e 90 dias ficou com o documento parado na gaveta, assumiu o compromisso de liberar para a presidenta Dilma [Rousseff] assinar. Foi uma vitória muito grande. Viremos para cá [para Brasília] acompanhar", disse frei David dos Santos, diretor executivo da Educafro. Frei David acredita que as cotas para o serviço público federal estimularão municípios e estados que ainda não têm o sistema a adotá-lo em seus processos seletivos. "Vários já adotaram. [A regulamentação] vai dar coragem a todos os prefeitos e governadores", acredita.
Ainda não há definição sobre o percentual de vagas a ser reservado para candidatos negros nos concursos públicos federais. "As alternativas [relativas ao percentual de vagas] estão adiantadas. A gente assumiu [com o Ministério do Planejamento] o compromisso de manter em segredo". De acordo com a assessoria de comunicação do Planejamento, os representantes da ONG Educafro reuniram-se com uma comissão de técnicos.
Mariana Branco - Repórter da Agência Brasil

Pesquisa do Ipea sobre assassinatos de mulheres destaca necessidade de tipificação penal para o feminicídio

Estudo revela que a cada 1h30 ocorre um feminicídio no Brasil e recomenda a criação de qualificadora para o crime no Código Penal, além do reforço de ações para efetivação da Lei Maria da Penha.
No Brasil, entre 2001 a 2011, estima-se que ocorreram mais de 50 mil feminicídios: ou seja, em média, 5.664 mortes de mulheres por causas violentas a cada ano, 472 a cada mês, 15,52 a cada dia, ou uma morte a cada 1h30. Os dados foram divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em uma pesquisa inédita, que reforçou as recomendações realizadas em julho pela CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que avaliou a situação da violência contra mulheres no Brasil.
Apresentada hoje a parlamentares na Comissão de Seguridade Social da Câmara dos Deputados, a pesquisa Violência contra a mulher: feminicídios no Brasil – dados corrigidos sobre taxas de feminicídios e perfil das mortes de mulheres por violência no Brasil e nos estados conclui:
“Os achados deste estudo são coerentes com os resultados do Relatório da CPMI e apoiam a aprovação dos Projetos de Lei apresentados no Relatório, em especial aquele que propõe alteração do Código Penal, para inserir o feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio, como uma forma extrema de violência de gênero contras as mulheres”.
Segundo o estudo, as mulheres jovens foram as principais vítimas: mais da metade dos óbitos (54%) foram de mulheres de 20 a 39 anos. Do total de mortes, 61% foram de mulheres negras, as principais vítimas em todas as regiões do País, com exceção da Sul; 36% dos assassinatos ocorreram aos finais de semana, quando grande parte das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher estão fechadas. Somente os domingos concentraram 19% das mortes.
Os Estados com maiores taxas de homicídios a cada 100 mil mulheres foram: Espírito Santo (11,24), Bahia (9,08), Alagoas (8,84), Roraima (8,51) e Pernambuco (7,81). Por sua vez, taxas mais baixas foram observadas no Piauí (2,71), Santa Catarina (3,28) e São Paulo (3,74).
pesquisa ipea feminicidio nos estados
Diante do quadro preocupante, o Ipea recomenda “o reforço às ações previstas na Lei Maria da Penha, bem como a adoção de outras medidas voltadas ao enfrentamento à violência contra a mulher, à efetiva proteção das vítimas e à redução das desigualdades de gênero no Brasil” – incluindo aí os projetos de lei formulados pela CPMI.
Isto porque além do elevado número de assassinatos por causas violentas – critério adotado no levantamento para indicar o feminicídio – o estudo constatou que o perfil dos óbitos é, em grande parte, compatível com situações relacionadas à violência doméstica e familiar contra a mulher e poderiam ter sido evitadas. Um indicativo nesse sentido é que quase um terço dos óbitos  teve o domicílio como local de ocorrência.
Por outro lado, a pesquisa apontou que não houve redução das taxas anuais de mortalidade, comparando-se os períodos antes e depois da entrada em vigor da Lei Maria da Penha: as taxas de mortalidade por 100 mil mulheres foram 5,28 no período anterior à legislação (2001-2006) e 5,22 depois dela (2007-2011).
“Essa situação é preocupante, uma vez que os feminicídios são eventos completamente evitáveis, que abreviam as vidas de muitas mulheres jovens, causando perdas inestimáveis”, aponta a pesquisa, realizada com base na avaliação e correção de dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde.
Lei Maria da Penha
Segundo a pesquisadora responsável pelo documento, Leila Posenato Garcia, a Lei Maria da Penha trouxe avanços incontestáveis na responsabilização e prevenção à violência contra as mulheres, mas sua plena efetivação requer uma mudança de mentalidade na sociedade brasileira: “A Lei Maria da Penha trouxe avanços muito importantes e os projetos de lei formulados pela CPMI representam novos avanços. Mas, nenhuma legislação por si só resolve o problema, uma vez que a desigualdade de gênero existente na sociedade alimenta a violência contra a mulher”, considera.
Para a secretária de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres da SPM-PR (Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República), Aparecida Gonçalves, os números reforçam a necessidade de um pacto entre o Estado e a sociedade para implementar a Lei Maria da Penha e coibir efetivamente a violência de gênero.
“O Estado deve atuar fortalecendo os serviços especializados, garantindo acesso a informação e proteção às mulheres, conforme a lei determina. Mas é preciso lembrar que durante décadas e décadas foi dito que em ‘briga de marido e mulher não se mete a colher’ ou que ‘o homem não sabia porque estava batendo, mas a mulher sabia porque estava apanhando’. Ou seja, a culpa era colocada sempre na mulher e nós precisamos alterar isto, fazendo com que a sociedade se mobilize contra a violência”, avalia.
Assim, segundo a secretária, é preciso estabelecer uma rede de proteção que inclua a rede institucional e também a rede pessoal de uma mulher em situação de violência.
Uma redução mais expressiva no índice de homicídios, para a especialista do Ipea, passa pelo compromisso do Estado em acolher e proteger a mulher em situação de violência, e também por medidas para coibir a desigualdade de gênero no Brasil. “A tipificação penal é um passo nesse sentido, uma vez que se busca reduzir a impunidade para este tipo de crime e se passa a mensagem que o feminicídio é um problema gravíssimo e inaceitável”, destaca.
Tipificação penal
Entre as 68 recomendações da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigou a violência contra a mulher no País está o projeto de lei (PLS 292/2013) que torna o assassinato em função do gênero um agravante para o crime de homicídio no Código Penal.
Segundo o PLS, o feminicídio é definido como crime de homicídio resultante de violência contra a mulher e é caracterizado em quatro circunstâncias: violência doméstica e familiar; violência sexual; mutilação ou desfiguração da vítima; emprego de tortura ou qualquer meio cruel ou degradante. Com pena prevista de 12 a 30 anos de reclusão, a intenção com a qualificadora é dar visibilidade para a dimensão da ocorrência deste crime no Brasil e levantar informações para reforçar ações de prevenção.
O texto já passou pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado e conta com parecer favorável, na forma de substitutivo, da relatora, a senadora Ana Rita (PT-ES). A votação do projeto, entretanto, foi adiada no último dia 19 após pedido de vista coletivo.
Débora Prado
Portal Compromisso e Atitude pela Lei Maria da Penha

Mesa permanente volta a discutir regularização fundiária quilombola

Coordenada pelo Incra, instância foi criada para acompanhar, identificar e encaminhar soluções sobre a questão, em todo o Brasil. A Secretária de Políticas para Comunidades Tradicionais da SEPPIR, Silvany Euclênio, participou do encontro mensal
A secretária de Políticas para Comunidades Tradicionais, Silvany Euclênio, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), participou na tarde de sexta-feira, 20, da Mesa Permanente de Acompanhamento da Política de Regularização Quilombola, instalada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – Incra, sob a coordenação do presidente do órgão, Carlos Guedes.  O encontro reuniu representantes do Governo Federal e da sociedade civil com vistas a avaliar o que foi encaminhado a partir de demandas realizadas na abertura da mesa, em agosto, e para a formulação de um cronograma para os próximos meses. Informações sobre a Convenção 169, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), também foram repassadas pelo Secretário Paulo Maldus, da Secretaria geral da Presidência da República. O documento trata sobre Povos Indígenas e Tribais em Países Independentes e ainda não foi regulamentada no Brasil.  Na ocasião, Silvany Euclênio afirmou que estava bastante entusiasmada por ver se concretizando algumas aspirações da própria ministra da Seppir, Luiza Bairros, para a área. “Eu lembro que quando assumi a SECOMT, em 2012, entre as prioridades elencadas para mim para a pauta quilombola estavam a necessidade de articular uma ação conjunta dos órgãos que trabalham com a questão fundiária, em um esforço conjunto para avançar na regularização e a qualificação das informações sobre o acesso às políticas públicas. Após um primeiro passo que demos com a reunião envolvendo INCRA, Institutos de Terra e SPU, em dezembro, a instalação desta mesa dá maior concretude a este esforço”, disse. 
Na segunda reunião do grupo, o principal avanço apresentado diz respeito à instalação de mesas estaduais, ponto definido como prioritário nas atividades da Mesa Permanente. Bahia, Minas Gerais, Maranhão, Pará e Rio de Janeiro, já realizaram suas primeiras reuniões, com a definição de uma pauta de trabalho e a participação de representantes dos governos federal, estadual e da sociedade civil. Segundo o presidente do Incra, Carlos Guedes, o próximo Estado a concretizar o modelo será o Espírito Santo. 
Outra novidade apresentada foi a informação de que está prestes a ser publicada a portaria que autoriza o Incra a emitir a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) para quilombolas, para complementar a atuação das instâncias já autorizadas para tal. O documento facilita e amplia possibilidades de acesso das comunidades às políticas de crédito, fomento, Programa de Aquisição de Alimentos e ao Programa Minha Casa Minha Vida. 
Silvany Euclênio elogiou a decisão de incluir o Incra como mais um órgão emissor de DAPs. “Porque é um instrumento essencial para nossas comunidades acessarem políticas públicas em geral, avançarem na inclusão produtiva e na comercialização dos produtos e a gente vê isso finalmente acontecendo”, afirmou. 
Também ficou pactuado que os processos de regularização fundiária com menos complexidade serão agilizados e aqueles que envolvem conflitos serão identificados e tratados de acordo com suas especificidades, se necessário, com a formulação de parcerias entre órgãos importantes para a resolução dos mesmos. 
Durante a reunião, foi apresentada a minuta de um roteiro de qualificação para processos em fase inicial, que passará a ser preenchido pelos postulantes, qualificando o nível de informações sobre os mesmos. 
Além dos avanços na pauta, algumas preocupações foram lançadas, como a disputa violenta por terras, que recentemente fez em vítimas fatais em Marajó-Pará e, as concessões florestais concedidas em terras quilombolas, no mesmo Estado. 
Para o presidente do Incra, já é evidente a evolução dos trabalhos entre os trinta dias que separam a primeira, da segunda reunião da Mesa Permanente. De acordo com ele, o mais importante é a decisão de resolver a questão fundiária das comunidades que não apresentam situação de conflito, passando depois, para as questões mais complexas. “O que não podemos é não resolver nada”, enfatizou. 

Mesa Permanente -
 O objetivo da instância é acompanhar, identificar e encaminhar soluções sobre a questão, em todo o Brasil. Em sua segunda edição, a reunião foi dividida em dois momentos. À tarde, quando contou com representantes da sociedade civil e, pela manhã, apenas com os órgãos de governo. 
Estavam representados além do Incra e da Seppir, a Secretaria Geral da Presidência da República, os Ministérios de Meio Ambiente e Desenvolvimento Agrário, a Coordenação Nacional de Quilombos (Conaq), com participantes da Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, São Paulo e Maranhão, a Fundação Cultural Palmares, o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), o Ministério Público Federal e a Superintendência do Patrimônio da União (SPU).
Fonte: SEPPIR

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Pesquisa mostra perfil e situação dos Empresários Negros no Brasil -2013


Foto: Amig@s, compartilhamos aqui um importante estudo sobre empresári@s negr@s no Brasil, finalizado há 15 dias pelo Sebrae Nacional. Importantíssimo mesmo, porque nele vamos encontrar o perfil e a situação, bem como os números que envolvem o empreendedorismo negro no Brasil. A pesquisa está vindo do forno e comprova o que nós já sabemos, incluindo outros dados surpreendentes. Por exemplo: o Distrito Federal tem mais empreendedor@s negr@s que brancos (isso não significa que quando analisamos os dados desagregados as condições dest@s empreendedor@s sejam melhores). Sabemos que o povo preto é empreendedor por natureza, não fosse isso não estaríamos vivos. No entanto, que condições nos foram e são dadas para empreender? Deixamos aberto o debate, tendo os dados do estudo do Sebrae como subsídio.

http://afrolatinas.com.br/wp-content/uploads/2013/06/os_donos_de_neg_cio_no_brasil_an_lise_por_raca_cor.pdfLeiam importante estudo sobre empresári@s negr@s no Brasil, finalizado há 15 dias pelo Sebrae Nacional. Nele encontrara o perfil e a situação, bem como os números que envolvem o empreendedorismo negro no Brasil. A pesquisa está vindo do forno e comprova o que nós já sabemos, incluindo outros dados surpreendentes. Por exemplo: o Distrito Federal tem mais empreendedor@s negr@s que brancos (isso não significa que quando analisamos os dados desagregados as condições dest@s empreendedor@s sejam melhores). Sabemos que o povo preto é empreendedor por natureza, não fosse isso não estaríamos vivos. No entanto, que condições nos foram e são dadas para empreender? Deixamos aberto o debate, tendo os dados do estudo do Sebrae como subsídio.

http://afrolatinas.com.br/wp-content/uploads/2013/06/os_donos_de_neg_cio_no_brasil_an_lise_por_raca_cor.pdf

Fonte: Instituto Búzios 

Mercado publicitário não retrata Mulher Negra, afirma Mara Vidal

retrato maraPara 65% o padrão de beleza nas propagandas está muito distante da realidade das brasileiras e 60% consideram que as mulheres ficam frustradas quando não se veem neste padrão. Na percepção da sociedade, as mulheres nas propagandas são majoritariamente jovens, brancas, magras e loiras, têm cabelos lisos e são de classe alta.
De acordo com a pesquisa Representações das mulheres nas propagandas na TV, Realizada pelo Data Popular e Instituto Patrícia Galvão, a maior parte dos entrevistados deseja que a diversidade da população feminina brasileira esteja mais representada: 51% gostariam de ver mais mulheres negras e 64% gostariam de mais mulheres de classe popular nas propagandas. A pequisa realizou 1.501 entrevistas com homens e mulheres maiores de 18 anos, em 100 municípios de todas as regiões do país, entre os dias 10 e 18 de maio deste ano.
Para a vice-diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão, Mara Vidal, o mercado publicitário ainda não retrata a mulher negra. “Nós, mulheres negras, somos invisíveis para a mídia, que não enxerga que tomamos banho, usamos xampu, comemos margarina, fazemos serviços domésticos, e, em particular, somos pessoas com poder aquisitivo”, exemplifica. Confira abaixo a entrevista na íntegra:

A pesquisa mostrou que a maioria dos entrevistados, homens e mulheres, querem ver mais mulheres negras nas propagandas na TV e que 80% percebem que são mostradas mais mulheres brancas. Como você avalia esse dado e que reflexos você avalia que ele tem na população?

Em primeiro lugar é importante dizer que as pessoas querem se ver e a população negra não se vê na mídia, ou quando se vê é em situações que o colocam como uma pessoa sem poder. Um exemplo disso são as propagandas da Caixa Econômica, que no imaginário da população está muito ligada à pobreza, ao pagamento de benefícios assistenciais. Ou quando o Milton Gonçalves aparece como o senhor idoso negro que vai buscar remédios na farmácia popular ou tomar a vacina contra a gripe oferecida pelo SUS. Essas representações não nos qualificam e nem nos empoderam, pois esses espaços são tidos no imaginário como o lugar dos desempoderados, desprovidos aquisitivamente, didficilmente se pensa que é o lugar que todos devem a ter acesso e que há um serviço/atendimento de qualidade. Quando o espaço, o lugar está desqualificado automaticamente ele dá a mesma denotação a pessoa/personagem que ocupa aquele determinado lugar.

E na hora em que mostram uma família feliz, a família da propaganda de margarina, ou mesmo quando vai mostrar a mulher bem-sucedida que faz o “xô neura” mandando a neurose da limpeza para longe e ficar deitada no sofá, com tempo livre, a mulher negra não aparece como alguém possivel de viver e fazer isto. E mesmo que essas propagandas também sejam questionáveis por nos colocarem enquanto mulheres como responsáveis pelas tarefas domésticas, nem assim o negro ou a negra aparece em um condição de primeiro plano. Quantas vezes apareceu uma mulher negra "de boa", no sofá, mandando a neura embora? Nenhuma
.
A família negra - e já existem vários estudos sobre isso – raramente é apresentada como a família “feliz”.
Mesmo nas propagandas de xampus para cabelos enrolados, não aparecem cabelos crespos. No máximo cabelos com babyliss. Não tem xampu para o nosso cabelo pixaim. As propagandas de cremes para a nossa pele, que é um misto de oleosa com seca, uma empresa de produtos de higiene e beleza apresentou algumas coisas interesssnte há um tempo atrás, mas a propaganda atual mostra duas mulheres brancas e uma negra de cabelo cacheados.

Esses exemplos mostram como somos invisíveis para a mídia, que não enxerga que tomamos banho, usamos xampu, comemos margarina, fazemos serviços domésticos, e, em particular, somos pessoas com poder aquisitivo. Mesmo a empregada doméstica quando vai no supermercado está usando seu poder aquisitivo.
Não é à toa que essa população diz: 'olha, eu não estou aí'. E se é verdade que ela não pode parar de comprar, porque precisa viver, existe uma insatisfação porque vemos um racismo manifesto com relação à nossa capacidade, às nossas qualidades e ao nosso poder de compra.
E que desconsidera o fato de que há mais negros e negras com maior poder de compra e também maior consciência de sua condição negra.
Sim, e é isso que tem levado a ações de boicote a algumas marcas e produtos.


Você avalia que existe mesmo uma postura da consumidora negra de rejeitar marcas e produtos com os quais não se identifica?
Existe e funciona. Pode não funcionar em grande escala, mas felizmente hoje a internet e as redes sociais nos possibilitam fazer esse diálogo crítico. Por exemplo, a última propaganda de uma marca de cosméticos e perfumaria, que não tinha nenhuma mulher negra e mostrava um perfil de consumidora da marca americanizado, saiu da televisão depois de uma enxurrada de críticas pelas redes sociais e de uma campanha na web por boicote à marca.
E é lógico que também tem a solidariedade de pessoas não negras em relação à atitude dessas marcas e o resultado da propaganda boca a boca, que leva a um aumento do peso de campanhas de boicotes. Porque o negro faz a crítica ou a propaganda boca a boca no trem, no ônibus, no bairro, principalmente a mulher, que tem maior poder de incidência e, na população negra, maior poder de consumo.

É possível dizer que não é mais tão fácil empurrar um perfil publicitário apoiado na ideia de que a sociedade aceitará seja lá qual for esta representação?
Sim. A retirada da propaganda de linha de maquiagem da empresa acima citada do ar, é um exemplo.
Isso mostra que a manutenção dessa mentalidade gera reações. Até porque a população negra começa a desenvolver também alternativas de mercado. Foi divulgado recentemente um estudo do Sebrae que mostra que em dez anos o número de empreendedores negros no país cresceu de 43% para 49%. Ainda que essas alternativas hoje não disputem o mercado em pé de igualdade com as grandes companhias, mas é um mercado que está crescendo.
Por exemplo, hoje existe uma Feira Preta, com vários produtos. A Expo Mulher Negra e Cia, por exemplo, acontecia só na internet e agora acontece como um evento físico em São Paulo. Muitos produtos de beleza destinados a pele da população negra são novos, estão chegando e significa que as pessoas vão deixar de usar o produto X e passar ao Y. Não vai ser de uma hora para outra, mas a ação da população negra para ser empreendedora e para ter produtos que dialoguem mais proximamente com a identidade do ser negro está acontecendo.
No ano passado, toda uma linha de biquínis voltada para a simbologia dos orixás, que é a religião afro, foi apresentada na São Paulo Fashion Week. Não é um produto só para negras, até pelo preço, mas dialoga com a icones/referencia simbolicas da cultura negra.

E como fica a discussão sobre essa representação e a política de cotas?
A propaganda não tem que ser responder à política de cotas, ela tem que entender que 51% de nossa população é negra. Então, nossos publicitários têm que entender que não adianta só dar à agência o nome África se não compreende que essa metade da população consome, produz e conduz o desenvolvimento do país, seja no lugar do serviço doméstico ou num posto de alto comando.
Tenho certeza de que sou atuante nessa sociedade e contribuo efetivamente para o desenvolvimento dela. E essa sociedade me deve respostas. Então, as cotas são importantes, mas tê-las como horizonte é pequeno demais. Se a minha família é bem sucedida, se eu faço parte das mães chefes de família, é importante que essa diversidade seja mostrada e que se mostre que também somos agentes de consumo, de produção e de desenvolvimento.

Infelizmente, ficamos reféns da política de cotas porque no Brasil não existe nenhuma política afirmativa para colocar o negro enquanto sujeito histórico. Nesse sentido, a política de cotas é importante mas nos coloca numa situação limítrofe, porque no país as pessoas cumprem as leis, mas não enxergam a realidade de que existem negros e não-negros das classes A à E. Não podemos continuar só na novela de época, como a empregada ou como a representação que fica no tem de pele "mais clarinha", como se desse conta de representar o todo das tonalidades da negritude.

E essa representação tem repercussões na vida real?
Eu sou uma pessoa concreta, conheço outras mulheres e homens concretos que ganham bem, consomem, vivem, têm momentos felizes e tristes, como todo mundo. Mas nós não somos retratados e não temos identificação com o que as propagandas na TV apresentam como pessoas negras. Eu quero ver a negra de pigmentação forte nas propagandas, vendendo de sabão a caderno, a bolsa, fazendo a família da Doriana margarina. Porque nós gostamos e compramos também produtos de qualidade.
E isso ajuda também a romper a barreira do preconceito quando vamos à loja, porque quando aparece uma propaganda e eu vou comprar aquele produto, muitas vezes quando chego na loja o vendedor não quer me atender. E isso é reflexo do fato de que não existe um consumidor parecido comigo nas propagandas. Não é à toa que as pessoas responderam o que responderam na pesquisa. É um indicador de que a realidade precisa mudar. E isso vai para além do consumo. Até porque toda mensagem que aparece na televisão está para além do consumo, constrói ideias e ideologias, é uma mensagem para as relações sociais, para a participação política, para a crítica social. E as ideologias e representações atuais nas propagandas não geram igualdade.
Muita gente que não tem TV a cabo e recebe uma enxurrada de propaganda. E as crianças são quem mais assimilam essas ideologias. Outro dia a filha de uma amiga falou para a mãe que queria comer um chocolate, mas que teria que ficar de cabelo liso para poder comer o chocolate. Então, o que passou na cabeça daquela criança? Que tinha um código do cabelo liso para lhe permitir o acesso a algo que ela queria.
Muitas vezes quando se pauta essa questão das repercussões sociais há uma tendência de apontar uma postura "militante". Mas a pesquisa mostrou também que um percentual muito acima dos 51% negros da população veem que as propagandas na TV não mostram a mulher real e especialmente não mostram a mulher negra.
Porque as pessoas estão dialogando sobre isso. Quando uma negra ou um negro vai à universidade, onde ainda somos minoria, começa a dialogar com os não negros e a expor essas questões. Nossa reação militante também gera percepção. Além disso, a gente vive no mundo real. Quantos amigos loiros de olhos claros cada pessoa tem? Quantos a gente vê no trem ou no metrô todos os dias? Na TV essa representação é absoluta maioria. E as pessoas estão percebendo que há uma distancia entre esse estereótipo e o mundo real.
Às vezes a indignação aparece sob a forma que apareceu na pesquisa, que muito mais gente que os negros estão incomodados com o padrão atual de representação da mulher e especialmente da mulher negra.
E as agências precisam entender que para as negras e os negros poderem consumir com maior tranquilidade é necessário sair desse estereótipo e compreender que negras e negros não compram só nas lojas populares.

Mara Vidal – vice-diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão.

Mulher se veem retratadas como objeto em anúncios de TV, mostra pesquisa


Levantamento inédito mostra o conflito entre o que os espectadores veem e o que gostariam de ver nas publicidades exibidas na televisão .

- Realizada pelo Data Popular e Instituto Patrícia Galvão, a pesquisa Representações das mulheres nas propagandas na TV revela que 56% dos entrevistados, homens e mulheres, consideram que as propagandas na TV não mostram as brasileiras reais.

A mulher é retratada como um objeto sexual, "reduzida a corpo e bunda", nas propagandas de TV para a maioria das pessoas, segundo uma pesquisa feita pelo Data Popular e o Instituto Patrícia Galvão. Apesar de o retrato da mulher na TV mais percebido ser o de mulher ativa e independente (67%), ela é mostrada como objeto sexual, "reduzida a corpo e bunda", para 58% dos entrevistados.
Pesquisa perguntou o que as propagandas na TV mostram, em %
 
Concorda
Discorda
Não concorda nem discorda
A mulher da vida real
25
56
19
Padrão de beleza muito distante da realidade
65
17
18
Usam o corpo da mulher para promover venda de produtos e
serviços
84
4
12
Para 51%, a mulher retratada nas propagandas de TV é a profissional bem-sucedida; para 46% é a mulher que tem corpo bonito e é inteligente; para 20% é a mulher dona de casa; e para 16%, a mãe e esposa carinhosa. Além disso, 84% dos entrevistados dizem que as propagandas na TV usam o corpo da mulher como chamariz para promover a venda de produtos e serviços. Só 4% discorda e 12% não concorda nem discorda. Para 70%, as propagandas que mostram a mulher de forma ofensiva devem ter seus responsáveis punidos.
Mulheres irreais

Os entrevistados também dizem não ver "a mulher da vida real" nas propagandas de TV. Segundo a pesquisa, 56% acham que as propagandas na TV não mostram a mulher real e 25% veem os anúncios como um retrato fiel. A maioria aponta que propagandas na TV mostram um padrão de beleza muito distante da realidade da brasileira e que as mulheres sentem-se frustradas quando não conseguem ter o corpo e a beleza das mulheres mostradas nas propagandas na TV : são 65% e 60%, respectivamente. Só 17% não veem o padrão de beleza da TV como muito distante da realidade e 18% não concordam nem discordam. Entre os entrevistados, 18% não acreditam que as mulheres se frustrem por não ter o mesmo padrão de beleza dos anúncios de TV e 22% não concordam nem discordam.

Mulher que trabalha e estuda

Mais de 60% dos entrevistados consideram que as propagandas na TV não mostram as mulheres que, além de ser esposa e mãe, também trabalham e estudam e cerca de 23% apontam que as mulheres com esse perfil são retratadas. Quanto ao retrato da inteligência da mulher nas propagandas, 35% dizem nunca ver a mulher sendo apresentada como uma pessoa inteligente em propagandas na TV e 43% discordam disso.

Além das loiras

A pesquisa mostra que a maioria dos entrevistados gostariam de ver mais mulheres negras retratadas nos anúncios de TV (51%), morenas (67%), mulheres com cabelos crespos ou cacheados (53%), com olhos escuros (56%), maduras (55%) e de classe popular (64%). Os entrevistados também dizem que as propagandas de TV mostram mais loiras (73%) e na vida real a maioria vê mais morenas (63%). O mesmo acontece com os tipos de cabelo: na vida real 53% apontam que há cabelos cacheados e nas propagandas só 17% acham que este tipo é mostrado, contra 83% de lisos. Na TV, 87% acham que as mulheres retratadas são magras, já na vida real, 55% tem esse biotipo. Quanto à idade, 78% veem na TV mulheres jovens, mas na vida real elas representam são o retrato para 48%.

“A irrealidade da representação da mulher é percebida pela absoluta maioria e há uma clara expectativa de mudança. Aqui se revela um paradoxo: se pensarmos a partir da lógica de mercado, pode-se dizer que anunciantes e publicitários, em razão de uma visão arcaica do lugar da mulher na sociedade e de um padrão antigo de beleza, não estão falando com potenciais consumidoras”, diz a diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão, Jacira Melo.
Para o diretor do Instituto Data Popular, Renato Meirelles, o principal mérito da pesquisa é mostrar como as empresas perdem dinheiro com a representação distante da realidade, uma vez que as mulheres movimentam hoje, no Brasil, um mercado consumidor de R$ 1,1 trilhão por ano e determinam 85% do consumo das famílias, segundo dados do próprio instituto. “Não estamos falando de um nicho consumidor, mas do principal mercado consumidor brasileiro. Então, há uma miopia do ponto de vista de oportunidades de negócios”, considera.
A pesquisa foi realizada com 1.501 pessoas em 100 cidades do país, em maio deste ano.

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