segunda-feira, 28 de abril de 2014

Berimbrown lança clipe 'Nego véi' e anuncia novo disco com 12 faixas autorais

Formação atual da banda tem como destaque o vocalista Leo Lobo e três backing vocals

Recém-publicado no YouTube e já com pouco mais de 1,8 mil visualizações, o clipe de Nego véi, nova música do Berimbrown, tem dupla função. Além de aperitivo para o próximo disco, ajuda o público a saber que, apesar da breve parada, o grupo está de volta à ativa. Ainda sob o comando de seu fundador, o Mestre Negoativo, a banda reparece com nova formação. Saem os metais e entram três backing vocals e um vocalista, Leo Lobo.

“O Berimbrown surgiu de um projeto sociocultural que começou em 1991, no Bairro Maria Goretti, em BH. Desde o ano retrasado, senti que precisávamos atualizar o som e dar chance para outros jovens que estão no anonimato. Quisemos buscar outros jovens para uma nova proposta, um novo ciclo do grupo. A proposta é fazer um link entre comunidades quilombolas e o século 21 e abrir a banda para esses valores desconhecidos. Surgimos dessa realidade e não podemos nos esquecer dela”, diz Negoativo.



Nego véi foi gravado em formato diferente do habitual, intitulado “DOCclipe”: além de tomadas do grupo tocando, registra imagens das comunidades quilombolas de Quartel de Indaiá, Macaquinho e Bangua, que resistem em localidades próximas a Diamantina, no interior mineiro. “Antigamente, a pedra preciosa nesses lugares era o diamante, hoje, a pedra é o crack, que já chegou por lá, infelizmente. Entendo isso como um câncer”, avalia.

A música foi escrita por Gabriel Mendes, ex-aluno do Valores de Minas, programa governamental que promove experiências culturais para estudantes da rede pública de ensino e do qual Negoativo é coordenador há 10 anos. Sem patrocínio, a produção do clipe foi bancada pela própria banda, conta o fundador do grupo: “A gente mesmo faz tudo. Ter patrocínio é bom, é fundamental, mas defendo que o artista não pode depender disso. Os parceiros não cobram nada e os equipamentos nós temos. Nem tudo precisa de planilha para ser realizado”.

Frações Nego véi é o segundo clipe que lançam para divulgar a nova leva de composições, sendo Qual é sua tribo? (lançado em fevereiro) o primeiro. As duas canções estarão no próximo álbum do Berimbrown, que terá 12 faixas e se chamará Lamparina. “A ideia é lançar um clipe a cada dois meses. A música Globalização, do baixista Ronilson Silva, será a próxima, no fim de junho, quando a Fifa estiver bombando, enchendo os bolsos”, adianta.


Ele pretendem manter a estratégia de fracionar o lançamento do trabalho em clipes divulgados na internet. “Sabendo usar a internet, dá para trabalhar com mais liberdade e eficiência do que lançando um álbum cheio de uma vez só. E as ferramentas para isso são gratuitas”, justifica. No momento, o grupo está ensaiando, pois a partir de 20 de junho começará a viajar para mostrar o show. Belo Horizonte será o primeiro ponto da turnê.


Presença feminina 


A formação atual é composta por Leo Lobo (vocal), Leo Pires (bateria), Ronilson Silva (baixo), Dudu e Marconi (tambores), Breno Bernardes (guitarra), DJ A Coisa, Bernardo Brito (teclado) e as backing vocals Nattany Martins, Marcela Rodrigues e Elisa Sena – Negoativo é responsável por vocais, berimbau e percussão. “Estamos muito felizes com essa nova formação. Elisa veio do Tambor Mineiro e as demais backing vocals vieram do Valores de Minas”, orgulha-se.

É a primeira vez que vozes femininas se juntam à banda. “As mulheres são muito presentes e têm papel fundamental nas comunidades quilombolas. Começa por aí. Elas têm timbre, bailado, tudo diferente dos homens”, conta o fundador. A inspiração, comenta, veio das matriarcas quilombolas dona Miúda (de Quartel de Indaiá), dona Maria Macarrão (de Macaquinho) e Maria Diberto (de Bangua).


Já em relação ao novo vocalista, que ocupa posto pelo qual passaram Alexandre Cardoso, Tom Nascimento e Berico, Negoativo sente muita segurança. “Eles sempre acreditaram na arte e vieram de comunidades. O Leo, que está fazendo jornalismo, tem voz bonita, postura, pé no chão e consciência política e social. Que seja artista, mas que tenha o compromisso social”, defende Negoativo.




Fonte, texto e foto:  UAI

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