quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Negros são donos de metade das micro e pequenas empresas

Negros e pardos já comandam 49% das micro e pequenas empresas do país, número que se aproxima da fatia que representam na população (51%).
São 11 milhões de empreendedores, 28,56% mais do que em 2001, quando os negros eram donos de 43% dos micro e pequenos negócios com faturamento de até R$ 3,6 milhões anual.
Os dados fazem parte de um estudo do Sebrae com base em dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2011.


Entretanto, a renda média ainda é cerca da metade da renda dos empreendimentos de brancos.
"A sociedade está se tornando menos desigual, mas as diferenças ainda são grandes", diz o presidente do Sebrae Nacional, Luiz Barretto. "O grande desafio é reduzir a desigualdade na renda e isso se faz com capacitação."
A renda média dos negros empreendedores era de R$ 1.039 em 2011, ante R$ 2.019 dos brancos (diferença de 94,3%). Em 2001, a diferença era maior: 141,3%.
Se entre brancos cada vez mais a motivação de se abrir um negócio é a oportunidade, entre negros a necessidade ainda predomina.
"A maior parte empreende por falta de opção, por serem excluídos do mercado de trabalho", diz Reinaldo Bugarelli, coordenador do curso de sustentabilidade e responsabilidade social da FGV.
Levantamento feito pela pesquisadora da FGV Eliane Barbosa da Conceição mostra que a situação se repete no mercado de trabalho formal.
Considerando dados de seis regiões metropolitanas em 2010, a renda média da população economicamente ativa branca era 83% maior do que a da negra (R$ 1.910 ante R$ 1.043).


ESCOLARIDADE

O avanço em termos de escolarização na última década foi pequeno. Em 2011, o negro empreendedor havia passado menos tempo na sala de aula do que o branco dez anos antes.
Para Conceição, o preconceito, mais do que a falta de escolaridade, é o que leva o negro a ser excluído do mercado de trabalho.
Ela analisou bancos estatais e privados e constatou que nos públicos, nos quais o acesso se dá via concurso, há mais negros em cargos operacionais. "No setor privado, o negro é barrado na entrevista", diz.
Com duas graduações nas áreas de administração e logística, o empresário Fabiano Moreira, 38, resolveu montar um negócio próprio no ano passado, depois de enfrentar resistência ao seu trabalho em uma empresa.
"A dificuldade para crescer é muito grande. As empresas não querem entregar um cargo de liderança para um preto para não vinculá-lo à imagem da companhia", diz ele, que começou como motoboy e hoje comanda a Unika Logística, que gerencia mais de 3.000 entregas e fatura R$ 400 mil por mês.
Editoria de Arte/Folhapress

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