terça-feira, 21 de março de 2017

REFLEXÃO : 21 de Março - Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial

Por Monica Aguiar

O Brasil é um grande produtor de atos institucionais que sustentam as desigualdades, explícitas na atual conjuntura política e econômica. As mazelas raciais se revelam expondo o nível de relação desumanizada, preconceituosa, discriminatória, intolerante e violenta em todos os âmbitos .

Durante toda linha histórica de formação da sociedade brasileira, os negros e as negras foram destituídos(as) do aceso aos bens sociais e fundamentais, forçados a integrar-se  no processo de aculturação euro-ocidental. Ressaltando-se o caráter miscigenador da sociedade brasileira: um povo mestiço, misturado, tolerante. Desde que não resgatasse a  origem do povo negro, africano.
O mito da democracia racial institucionalizado existente no Brasil, provavelmente ainda é um dos mais poderosos mecanismos ideológicos de dominação já produzidos no mundo.

A assertiva delatada repetida vezes por militantes do movimento negro, de mulheres negras, sobre genocídios, desigualdades sociorracial, mesmo com toda resistência  existente, em recentes períodos da conjuntura política brasileira, setores da sociedade e órgãos governamentais  se movimentaram de alguma forma para debater e desnudar as tão faladas sequelas e assimetria do racismo brasileiro.

Mas o racismo nesta atual conjuntura política esta muito presente. Altíssimos índices de desemprego que atinge diretamente o povo negro e as mulheres negras.  As desigualdades nas  relações  salariais predominante entre os trabalhadores e principalmente as trabalhadoras negras, reforçadas por condutas institucional que desqualifica o papel das mulheres no mercado de trabalho e principalmente no desenvolvimento econômico do pais, reforçando prática da  negação da identidade étnica, fomentada pelo  desmantelamento de conquistas obtidas pelo povo negro. 

Somos nós, o principal alvo na reta desta atual linha da historia.  Mesmo com os nossos paralelos de resistências e luta, que iniciaram todo o processo de exercício pleno da cidadania e afirmação da nossa identidade étnica racial negra, a valorização e inclusão da nossa mão de obra, o resgate da verdadeira história e reintegração das nossas terras, somos alvo direto nesta conjuntura política.
Entretanto, o Estado atual, vem demostrando diariamente com suas intervenções no Congresso e Senado, aversão as conquistas obtidas pelo povo negro. Tais conquistas obtidas, ameaça este poder estabelecido que por sua vez, apresenta muita competência em sufocar as resistências de caráter coletivo.

Neste quadro de perdas das conquistas, as mulheres negras, exército de grandes lideranças, que sofrem com ataques diuturnamente racistas, invisibilizados e naturalizados nos meios de comunicação arcaicos que sustentam esta atual estrutura política, tem se apresentado distinta,  traduzindo pautas históricas em  ação política anti-racista. Protogonistas de um novo formato de combater o racismo  e todas as suas formas de preconceitos e discriminações existentes.  


Várias datas marcam a historia de nossa resistência, e abominação ao racismo.  Uma delas  instituída  em 1960, de 21 de Março, pela ONU. A razão? Em memória do Massacre de Shaperville, ocorrido na cidade de Joanesburgo, na África do Sul. Onde 20.000 negros que protestavam pacificamente, contra a Lei do Passe, que os obrigava a portar cartões de identificação, especificando os locais por onde eles podiam circular. O exército atirou sobre a multidão e o saldo da violência foram 69 mortos e 186 feridos.

Sendo, 21 de Março -  Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial. Tem apenas 57 anos, a instituição desta data.



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