segunda-feira, 31 de julho de 2017

Marcha das Mulheres Negras reúne centenas de pessoas em Copacabana - Rio

Por Mônica Aguiar
Centenas de pessoas, de 
diversas partes do Brasil,
 acompanharam neste 
domingo (30), a Marcha
 das Mulheres Negras

Com objetivo chamar a atenção para o racismo, as desigualdades, discriminações, em prol do dia 25 de julho - Dia de luta das Mulheres Negras, a orla de Copacabana, foi palco da III Caminhada das mulheres negras que atuam em diversos seguimentos. 
Defendendo igualdade de acesso na educação com qualidade, saúde, trabalho, cobrando a falta de implementação das políticas públicas para as mulheres negras do Rio e no Brasil, bem como a perda das políticas e ações afirmativas desenvolvidas pelas SEPPIR - Ministério de Promoção da Igualdade Racial, extinto no atual governo Temer. 

A data 25 de julho, como  Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, se tornou oficial no calendário do Estado  por um esforço e luta das mulheres negras,  e  os dez anos de instituição da Lei 5071/2007, deixa  visível que esta conquista não se refletiu em políticas públicas.

A mesma situação ocorre no País, com a Lei nº 12.987/2014, sancionada pela presidenta Dilma Rousseff, como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Nestes três (3) anos de existência da Lei, com a troca de governos, agravou muito a situação socioeconômica das mulheres negras, pela falta de investimento político e humano, o fim das ações de combate ao racismo que eram referências mundiais, a situação econômica, política e administrativa que se encontra o país que produz 14 milhões de desempregados onde a maioria são mulheres negras.

Esta agenda tornou também palco de protestos contra as reformas aprovadas pelo congresso do atual governo brasileiro. 

O evento foi convocado pelo Fórum de Mulheres Negras do Estado do Rio de Janeiro. A concentração teve início às 10h, na altura do Posto 4, e terminou ás  17h na praia do Leme, com a realização de uma feira de mulheres negras empreendedoras  e roda de samba do grupo O Samba Brilha. 

De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano passado, entre 2005 e 2015, o porcentual de negros e negras universitários, saltou de 5,5% para 12,8%. No entanto, esse o crescimento positivo não é igual quando a análise é a ocupação de vagas no mercado formal de trabalho. Mesmo mais graduados, os negros continuam com baixa representatividade nas empresas.

Nas organizações, a desigualdade entre brancos e negros aparece de forma gritante. Segundo dados de uma pesquisa do Instituto Ethos, realizada no último ano, pessoas negras ocupam apenas 6,3% de cargos na gerência e 4,7% no quadro executivo, embora representem mais da metade da população brasileira.

Neste contexto, a presença de mulheres negras, em comparação aos homens, é ainda mais desfavorável: elas preenchem apenas 1,6% das posições na gerência e 0,4% no quadro executivo. A situação só se inverte nas vagas de início de carreira ou com baixa exigência de profissional, como em nível de aprendizes (57,5%) e trainees (58,2%).

Outro desafio das mulheres negras é a disparidade salarial. Com os dados atualizados em outubro de 2016 pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), baseados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pesquisados pelo Instituto Locomotiva em todo o país, revela que a renda média para um homem branco com curso superior alcança R$ 6.590, caindo para R$ 3.915 para a mulher branca na mesma condição. Já um homem negro com ensino superior ganha, em média, R$ 4.730, contra R$ 2.870 de uma mulher negra também com escolaridade superior.  Isso representaria uma injeção de R$ 461 bilhões na economia brasileira. Essa equiparação envolveria a ampliação dos salários das mulheres, sem que os dos homens fossem diminuídos, revela presidente do Instituto na entrevista de março de 2017 para Agência Brasil.

 “A gente está aqui para fazer, pela terceira vez, denúncia contra o racismo e o sexíssimo, que colocam as mulheres negras na base da pirâmide do mercado de trabalho. A gente está aqui para mexer com esta pirâmide. A gente está aqui para dizer ao capitalismo e ao machismo que, as mulheres negras têm lugar nessa sociedade, historicamente, desde que o primeiro navio negreiro aportou aqui”, disse a presidente do Centro de Tradições Afro-Brasileiras (Cetrab), Dolores Lima.

"Queremos mais respeito, mais dignidade. Nossa luta é pela igualdade, pelo respeito às mulheres negras. A cada 24 horas, 13 mulheres negras são assassinadas neste País", disse Eliana Custódio.

Exigimos medidas concretas para garantir melhorias sustentáveis e promover nossa qualidade de vida. Essas mudanças são fundamentais para o futuro das mulheres negras e toda a sociedade brasileira - disse Clátia Vieira. 





terça-feira, 25 de julho de 2017

Nós. Mulheres Negras - 25 de julho. Dia de Luta

por Mônica Aguiar 
As mulheres negras são mais de 49% da população brasileira, e de maneira geral hoje sentem mais livres e a vontade para redefinir padrões de beleza e escolher com quem e como querem estabelecer suas relações conjugais, demonstrando mudanças de comportamento significativa na afirmação pessoal como ser humano dotado de direitos e não apenas deveres.

Na realidade, as mulheres partem da esfera doméstica às diferentes funções na sociedade. Mas as conquistas sociais têm sido alcançadas e assimiladas de formas diferentes e variam de acordo com a classe social, o grau de escolaridade e principalmente a cor. 
As mulheres negras em sua ampla maioria, ainda não conseguem acessar os avanços obtidos pelas conquistas das próprias mulheres no que diz respeito aos direitos reprodutivos, proteção contra a violência, igualdade de direitos, oportunidades e igualdade salariais, acessar as linhas de créditos, habitação, saúde, entre outros pontos importantes e que contribuem para autonomia de uma mulher.

Mas as mulheres negras mesmo com todas as dificuldades impostas de não conseguir acessar minimamente os avanços obtidos, não querem mais conviver com os valores patriarcais e eurocêntricos mantidos por setores anacrônicos dos homens, que ocupam cargos de poder,  prestígios pre-estabelecidos  e tem historicamente criado impedimento nos acessos aos direitos fundamentais e sociais.

 Este sistema econômico e político  mantém erguendo as chibatas da reafirmação  que homens sempre ocupam os espaços públicos e a mulher o privado. 

A mulher negra tem percebido que este modelo imposto que utiliza tantas estruturas publicas, serve para segregar e causam prejuízos na vida cotidiana, impedindo inclusive de ter perspectiva econômica no futuro.

As mulheres que ocupam espaço de poder político e de gestão pública estão sendo todos os dias agredidas, de forma naturalizada  nos principais meios de comunicação que também produzem cotidianamente imagem pejorativa na vida da mulher negra. 

As mulheres negras tem percebido e distinguido a violência sofrida, desde as agressões recheadas de estereótipos negativos, ao julgamento existente de achar uma afronta o desejo de ansiar a recomposição dos espaços de predominância masculina e branca, formatando um diálogo com denúncias para sociedade sobre a segregação social sofrida por todas as mulheres independente da cor. Esta movimentação é visível. 

Mas qualquer reação positiva das mulheres negras agitam as estruturas imaginárias dos que afiançam o espaçoso, rico e grande poderio no Brasil.

A prática naturalizada do racismo velado e institucionalizado, mantida por este setor anacrônico, contraria o exercício da democracia e da cidadania, vitimando cotidianamente as mulheres negras .
Quem detém o poder nesta atual conjuntura econômica, além de promover violações de tratados e acordos assinados e ratificados, não implementam politicas  públicas que asseguram a igualdade, equidade, a transversalidade e oportunidades. 
Estão retirando e impedindo o acesso de direitos conquistados e estabelecidos por leis.

A mulher negra é forte, guerreira, ao longo dos anos vem desenvolvendo estratégias para lidar com os problemas estruturais e ideológicos da jornada de trabalho, no lar e fora dele. 
O empenho, o sofrimento exacerbado que as mulheres negras têm passado em prol da sociedade ao longo de décadas, emerge características individuais que desejam e lutam por  um novo papel, outras possibilidades, produzindo uma nova forma de conviver com os homens, ao mesmo tempo rompendo com valores e com mazelas que as oprimem e segregam.
Estas mudanças de comportamentos, responsabilidades e conceitos, dialogam com a pauta das mulheres negras que se  organizam nos movimentos sociais e movimentos feministas. 

A mulher negra sempre foi paciente, sempre sonhou e lutou por caminhos novos, sempre enfrentou os desafios impostos, sempre manifestou com consciência sobre seu papel e a sua contribuição dada  na construção sócio econômica do Brasil.

 A mulher negra almeja a manutenção apenas de resultados positivos. Sempre estão reeditando as páginas da história a favor de todas e todos sem discriminação.

Eu acredito que estes grupos conservadores que detém concentrada em suas mãos a comunicação, a politica, a gestão pública e a economia, deverão em breve perceber este arranjo social que vem ocorrendo com as mulheres negras e façam leitura política dos fatores e criem estratégias de forma acompanhar tais mudanças em benefício da manutenção deles. 

Para nós mulheres negras, manteremos como sempre a paciência para lidar com os arranjos cotidianos dos racistas, mantendo a percepção que não se pode mais retroceder, prejudicando e exterminando as nossas futuras gerações.

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Mulheres negras celebram o 25 de julho na capital paulista




Por Mônica Aguiar 

O dia 25 , terça feira, sera marcado por várias Marchas de Mulheres Negras e atividade pelo Brasil . 
Em São Paulo sera realizará um grande ato “Mulheres Negras e Indígenas por nós, por todas nós, pelo bem viver” .
A manifestação acontece em função do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e Dia Nacional de Tereza de Benguela - liderança quilombola reconhecida no Brasil por meio da Lei Federal 12.987/2004. Data que une mulheres negras internacionalmente, denunciando todas as opressões sofridas e pelo objetivo de superá-las.
As mulheres, em especial as negras, sempre foram protagonistas sem visibilidade, não só dos movimentos por saúde, habitação, educação - que conquistaram o SUS, os mutirões habitacionais, as lei 10.639/03 e 11.645/2008, e, recentemente, as cotas raciais na Unicamp e USP, entre outros direitos historicamente sonegados  que são marcados como prioritários na sua história de lutas, mas também em espaços acadêmicos, literários,  científicos, empresariais e executivos dentre outros,   onde são pre destinados a  sua ocupação e melhores salários em ampla maioria para população branca.  

Mas o racismo  o  machismo existentes na sociedade brasileira produzem múltiplas formas de violência que fazem com que as mulheres negras e indígenas vivam uma realidade de desigualdades e discriminações em todos os aspectos da vida. E, no último período, a intensificação das violações decorrentes da atuação em defesa de direitos, como se evidencia nos recorrentes assassinatos de lideranças quilombolas e indígenas.
A articulação de diversas redes de mulheres negras em nível nacional levou à Marcha das Mulheres Negras contra o racismo, o machismo, a violência e pelo Bem Viver, em 2015. Pela primeira vez na história do Brasil, 50 mil mulheres ocuparam as ruas de Brasília para cobrar políticas públicas e reparação pelas desigualdades estruturais enfrentadas. As demandas prioritárias das 49 milhões de pretas e pardas brasileiras foram consolidadas na Carta das Mulheres Negras 2015.
O coletivo que organiza a  Marcha das Mulheres Negras 2017 em São Paulo é autônomo e independente  e para custear a iniciativa, realizou uma "vaquinha online". Perfil de todos os coletivos que organizam atividades pelo pais no mês que marca a luta das mulheres negras.  
"No momento em que o Brasil atravessa uma grave crise política, com o desmantelamento de políticas públicas duramente conquistadas, com desmandos por parte de governos elitistas e conservadores, nós negras de São Paulo trazemos para toda a sociedade questões que nos afetam diretamente e que queremos ver enfrentadas por todas as pessoas que acreditam num novo projeto de nação", afirma o manifesto do ato.

O ato contará com as presenças do grupo Ilú Obá De Min, da DJ Luana Hansen, Mc Soffia, e diversas intervenções artísticas durante toda a marcha.
O Coletivo Luana Barbosa e a Marcha das Mulheres Negras,  estão organizando uma creche para as mães participarem da Marcha de forma mais tranquila. As interessadas deveram fazer o cadastro das crianças previamente .  

Serviço:
Dia: 25/07/2017 (terça-feira)
Concentração: às 17h00 – Praça Roosevelt
Encerramento: Largo do Paissandu
Contatos para mais informações:
Alê Almeida – dona@alealmeida.com – (11) 99259.8052
Andréia Alves – andreia.alves@hotmail.com – (11) 99141.7865
Juliana Gonçalves – jukisantos@gmail.com – (11) 98525.9387
Luciana Araújo – luciana_jornal@uol.com.br – (11) 97619.9076
Mara Minassian – malu.minassian@gmail.com – (11) 99816.8218
Nilza Iraci – nilraci@uol.com.br – (11) 99584.0637

quinta-feira, 20 de julho de 2017

7 livros de escritoras negras na Flip 2017 que você precisa conhecer

Faltam poucos dias para 15ª edição da Flip 
(Festa Literária Internacional de Paraty).
Entre 26 e 30 de julho, a cidade história do litoral sul do Rio de Janeiro será palco de reflexões e debates sobre as atuais narrativas produzidas no Brasil e no mundo. Com curadoria da jornalista Josélia Aguiar, o evento literário mais importante do país abre neste ano espaço inédito para a diversidade de vozes da literatura negra.
Pela primeira vez em sua história, a Flip traz um número de autoras supera o de autores. Serão 22 mesas com 46 autores, dos quais 22 são homens e 24 são mulheres.
O escritor homenageado deste ano será Lima Barreto (1881-1922), autor marginal cuja trajetória foi marcada pela crítica contundente ao cotidiano racista e de segregação social no Brasil.
Na abertura do evento, o público acompanhará uma aula ilustrada sobre a vida e obra do escritor carioca. A antropóloga e historiadora Lilia Moritz Schwarcz (autora de Lima Barreto: Triste Visionário) e o ator Lázaro Ramos conduzem o programa.
Em diálogo com os questionamentos que suscitam da obra de Lima Barreto estão 7 livros de autoras negras convidadas da Flip deste ano: Ana Maria Gonçalves, Djaimilia Pereira de Almeida, Grace Passô, Scholastique Mukasonga, Joana Gorjão Henriques e Conceição Evaristo.
Nascidas no Brasil, Portugal e em países do continente africano - e também radicadas em outros regiões não citados – essas escritoras são donas de narrativas, discursos e perspectivas tradicionalmente excluídos em eventos do gênero dentro e fora do País.
A seguir, o HuffPost Brasil destaca uma obra de cada autora. São livros que revelam uma literatura brasileira plural e que merecem espaço urgente nas mentes, corações e estantes dos brasileiros.

Um Defeito de Cor, de Ana Maria Gonçalves

O romance Um Defeito de Cor conta a impressionante história de Kehinde, trazida da África como escrava para o Brasil no século XIX que após, muitas andanças, consegue comprar a própria alforria e regressar à África em busca do filho perdido. Lançada em 2006, a saga da heroína negra - inspirada na lendária figura baiana de Luísa Mahin - conecta discussões sobre poder, raça, cultura e sociedade. Catatau de mais de 900 páginas, a obra levou quatro anos para ser finalizada – incluindo pesquisa, escrita, reescrita (do zero) e revisão. Não à toa, Um Defeito de Cor alçou Ana Maria Gonçalves ao posto de voz fundamental na reflexões sobre racismo no Brasil.
Esse Cabelo, de Djaimilia Pereira de Almeida
Livro de memórias, ficção e ensaio. E também um manifesto antirracista. Pode-se definir assim o livro Esse Cabelo, da escritora Djaimilia Pereira de Almeida, lançado no Brasil pela editora Leya. Nascida em Luanda, na Angola, e radicada nos arredores de Lisboa, em Portugal, a autora apresenta nesta obra uma bem-humorada biografia do próprio cabelo crespo – interligando questões de raça, feminismo e identidade. Djaimilia é doutorada em Teoria da Literatura pela Universidade de Lisboa e uma das representantes da novíssima literatura em língua portuguesa. É também fundadora e dirigente da revista de literatura Forma de Vida


Por Elise, de Grace Passô

Uma dona de casa que fala sobre a vida dos seus vizinhos. Um cachorro que late palavras. Uma mulher perdida E um lixeiro em busca de seu pai. Esses são alguns dos personagens da peça Por Elise, escrito e dirigido por Grace Passô juntamente com o grupo Espanca!. Umas das primeiras peças da autora mineira, a obra lhe rendeu o APCA e o SESC/SATED de melhor dramaturga e, em 2005, o Prêmio Shell de melhor texto em 2006. No formato livro, o leitor pode acompanhar um olhar muito particular sobre as relações humanas e as contradições que a conduzem.




A Mulher de Pés Descalços, Scholastique Mukasonga

Escritora premiada, a ruandesa Scholastique Mukasonga é conhecida por abordar em sua obra o genocídio da etnia a que pertence, tutsi, que ocorreu durante a sangrenta guerra civil de Ruanda em 1994. No romance A Mulher de Pés Descalços, o leitor acompanha a trajetória de Stefania, mãe da autora, uma senhora alegre e conselheira da vida amorosa das moças da vizinhança, que viveu em meio a terríveis cenários de extermínio, tornando-se, ao fim, mais uma das cidadãs assassinadas pelos hutus.




Racismo em Português, de Joana Gorjão Henriques
 
Como a política colonial de Portugal na África marcou as relações raciais no continente? É ao redor desta questão que gira Racismo em Português: O Lado Esquecido do Colonialismo, da jornalista portuguesa Joana Gorjão Henriques. O livro é fruto de um longo trabalho de jornalismo investigativo. Foram dezenas de entrevistas pelos cinco países da África lusófona: Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Moçambique. Como resultado, a autora tenta mostrar até que ponto o racismo afeta as relações nesses países.



Poemas da Recordação e Outros Movimentos, de Conceição Evaristo

Primeiro (e até agora único) livro de poesias de Conceição Evaristo, Poemas da Recordação e Outros Movimentos é uma obra que tem a crítica social como fio condutor. Publicado originalmente em 2008, a obra aborda temas como pobreza, dor, amor, desejo e o tempo, numa escrita marcada por ritmo, expressividade e toda a experiência de vida da autora. Nascida numa favela de Belo Horizonte, Conceição Evaristo é hoje uma das principais representantes da literatura negra brasileira. Acadêmica com doutorado em Literatura Comparada pela UFF, voz ativa denúncia de discriminações no Brasil, a escritora tem textos publicados em coletâneas estrangeiras, assim como obras traduzidas em outras línguas.



O Tapete Voador, Cristiane Sobral

Coletânea de contos, O Tapete Voador é o quarto livro da atriz, escritora e poeta Cristiane Sobral. Ele foi publicado no ano passado pela Malê, editora focada em títulos literários em língua portuguesa de autores negros, brasileiros, africanos e da diáspora. Nascida no Rio, Cristiane migrou nos anos 90 para Brasília, onde se tornou a primeira mulher negra graduada em Interpretação Teatral pela UnB. Com carreira estabelecida nos palcos, ela estreou na literatura e contundente diversos aspectos sobra a questão racial no Brasil, incluindo racismo, empoderamento e colorismo - apontando para a construção de uma identidade negra contemporânea em 2000. Neste livro, a autora apresenta 19 narrativas que abordam de forma inventiva.



Fonte:HuffPost

terça-feira, 18 de julho de 2017

2º Julho Negro Acontece no Rio de Janeiro

Por Mônica Aguiar 
Colaboração:Mônica Cunha -RJ

A violação dos direitos humanos da população negra, pobre e de periferia no Brasil e em outras partes do mundo é tema de uma semana na mobilização do Julho Negro que começou dia (17), Rio de Janeiro, vai ate sexta com (21), em diversos locais por toda cidade.  

A agenda Julho Negro é uma articulação das Mães e familiares vítimas da violência no Brasil, que denunciam o genocídio negro e a injustiça racial, a violência em favelas e periferias, a segurança pública, a violência e brutalidade policial, a violência e omissão do Estado, mortalidade dos jovens negros, a intolerância religiosa contra religiões de matrizes africana e o 25 de julho Dia de Luta da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha.

Este ano,  o Movimento que vem crescendo, pretende ampliar a articulação internacional de luta contra o racismo e a militarização das vidas com a participação de mães e familiares vítimas da Palestina, do México e da Associação de Haitianos do Brasil.

O Julho Negro é composto pela: Rede de Comunidades e Movimento contra a Violência, as Mães de Maio de SP, o Fórum Social e as Mães de Manguinhos, Movimento Moleque, as Mães Vítimas da Chacina da Baixada com a adesão e apoio do Fala Akari, Campanha pela liberdade de Rafael Braga, o Coletivo Papo Reto, União Social dos e das Imigrantes Haitianos,  Fórum de Juventudes RJ, Comitê Nacional Palestino, BDS, Ação Direta em Educação Popular, Mangueiras, Fórum Grita Baixada e Centro dos Direitos Humanos da Diocese de Nova Iguaçu, Museu da Maré, Filhos e Netos por Memória, Verdade e Justiça da época da ditadura militar,  Movimento/campanha dos Estados Unidos "América Black Lives Matter" (Vidas Negras Importam).

A agenda começou dia 17, realizou um protesto de conscientização contra a discriminação de religiões de matriz africana, pela valorização da vida dos moradores de favela e mães que perderam os filhos em ações policiais e  participaram de entrevista coletiva na Casa Pública, em Botafogo, para falar sobre a importância do projeto. 

Nestes próximos dias de mobilização estão previstas panfletagens contra o racismo, 25 de julho Dia Internacional de Luta da Mulher Negra Latina e Caribenha com diálogos em locais específicos sobre os desafios enfrentados pelas mulheres negras no país e  homenagens às vítimas da Chacina da Candelária, que completa 24 anos no próximo dia 23. 

Hoje (18),  às 16 horas acontecera um ato em frente à igreja, e no dia 21, missa no mesmo local.


No ano passado,  as discussões do Julho Negro,  estavam focadas com o aumento da violência policial durante os preparativos para os Jogos Olímpicos. Na ocasião, o Julho Negro destacou o relatório da Anistia Internacional Brasil e o Instituto de Segurança Pública (ISP), que os homicídios cometidos pela polícia aumentaram em 135% em 2015. As estatísticas demonstram que 75% das pessoas mortas pela polícia em 2015 eram homens negros. Nos Estados Unidos, policiais são acusados frequentemente em histórias envolvendo um homem negro desarmado sendo baleado por um policial branco. De lá para cá, Dalva conta que nada mudou, que a violência só aumenta.

De acordo com a Anistia Internacional Brasil e o Instituto de Segurança Pública (ISP) divulgados em 2016, os homicídios cometidos pela polícia aumentaram em 135% em 2015. As estatísticas demonstram que 75% das pessoas mortas pela polícia em 2015 eram homens negros. 

De acordo com Dados da Polícia Civil 632 pessoas foram atingidas por balas perdidas no Rio, no período de Janeiro até 2 de julho de 2017, uma média de 3,4 casos por dia no estado. Desse total, pelo menos 67 morreram.

CONFIRA A AGENDA    
                                                                                 
Dia 18/07 -16h00min -  ato Contra a Chacina da Candelária Local Candelária

19/07: 18h30min - Roda de Conversa – “Masculinidade e as Opressões do Machismo”
 Local IBASE (Rua Senador Dantas 40 – Centro)

20/07: 18h00min - Vigília pela Chacina da Candelária
Local Candelária

18:30min: Lançamento -  Baixada Fluminense no Encontro “Pra além dos Dados”“ do Atlas da Violência 2017 com presença do IPEA e Anistia Internacional.
Local Igreja Nossa senhora de Fátima e São Jorge (Rua Getúlio Vargas, 220- Centro Nova Iguaçu )

21/07
09h00min - Missa da Candelária

13h30min: Lançamento do Livro Biografia de Mahommah Gardo Baquaqua: “Um Nativo de Zoogoo no interior da África”.
Local – Museu da Maré ( Av. Guilherme Maxwel,26-Maré)

14h30min: Roda de conversa “Encarceramento com Campanha Pela Liberdade de Rafael Braga”   Associação de Familiares de Presos (AFAP)
Eu sou Eu, Reflexo de Uma Vida na Prisão local Museu da Maré
Local ( Av.Guilherme Maxwel,26-Maré)

18h00min : Festival de Cinema Dona Jane Camilo ( homenagem a Dona Jane Camilo) Mulher preta,  guerreira, militante fundadora do Fórum Social de Manguinhos, participante de vários espaços de lutas e controle social .
Local Biblioteca Parque da Favela de Manguinhos(Av. Dom Helder Câmara, 1184- Manguinhos)

sexta-feira, 14 de julho de 2017

As primeiras imagens do elenco do filme solo do Pantera Negra, da Marvel, já estão entre nós

O trailer de Pantera Negra foi uma ótima surpresa para os fãs da Marvel. Mas as novas imagens do longa divulgadas pela Entertainment Weekly levam a ansiedade para a estreia do filme a outro nível.
Nesta quarta-feira (12), a revista divulgou a capa da edição especial para a Comic-con em que os Chadwick Boseman, Micheal B. Jordan e Lupita Nyong'o aparecem como guerreiros de Wakanda - a fantástica e futurista nação africana onde T'Challa, interpretado por Chadwick, se torna Pantera Negra.
Wakanda é um lugar que os fãs da Marvel esperam muito tempo para visitar nas telas dos cinemas -- para além dos quadrinhos. O filme honra o protagonismo do primeiro super-herói negro dos quadrinhos da Marvel, cujo poder de inspiração transcende até mesmo sua força física.
A EW também divulgou uma imagem do elenco completo do filme.
Além do protagonista Chadwick Boseman como T'Challa (Pantera N
egra), o elenco conta com Michael B. Jordan (Creed: Nascido para Lutar) como o supervilão Eric Killmonger, Sterling K. Brown (Uma Repórter em Apuros) que será N'Jobu, uma figura do passado do Pantera; Lupita Nyong'o (12 anos de escravidão e Mogli – O Menino Lobo) como Nakia, guerreira de Wakanda; Angela Bassett (Invasão a Londres) como Romonda, mãe de T'Challa; e Winston Duke (Person Of Interest) como M'Baku, um vilão conhecido como "Homem-Macaco".
Outros membros do elenco incluem Forest Whitaker (Rogue One: Uma História Star Wars) como Zuri, um estadista mais velho de Wakanda; Daniel Kaluuya (Sicario: Terra de Ninguém) como W'Kabi, um amigo leal a T'Challa; além de Andy Serkis (Planeta dos Macacos: O Confronto) como Ulysses Klaw e Martin Freeman (O Hobbit) como Everett K. Ross, ambos reprisando seus papéis em Capitão América: Guerra Civil.
Até o momento o herói não teve um filme solo, aparecendo apenas com os outros personagens em Capitão América: Guerra Civil.
Pantera Negra tem previsão de estreia no Brasil no dia 15 de fevereiro de 2018.
Fonte: por AndreaMartnelli da Huffpost

quarta-feira, 12 de julho de 2017

Curso gratuito para formação de roteiristas negras e negros

Há seis edições, a FLUP vem se destacando como uma plataforma de criação de grandes histórias literárias. Numa inédita parceria com a Film2b, ela oferecerá agora um processo de formação na área de roteiro. É o primeiro Laboratório de Narrativas Negras para Audiovisual.

O processo oferecerá uma formação para 30 potenciais roteiristas que se autodeclarem negras ou negros, com encontros semanais com grandes nomes da TV e do Cinema nacional. Será um espaço de trocas, aprendizados e novos repertórios literários e cinematográficos.

O Laboratório tem como objetivo incentivar a produção de narrativas potentes e criativas de roteiristas negras e negros, suprindo uma incompreensível lacuna da nossa produção audiovisual. Somente as pessoas negras podem reinventar seu lugar em nossa dramaturgia.
A brutal crise política e econômica do país pode ter nos roubado a esperança por dias melhores, mas, qualquer que seja a ideia de futuro para o Brasil, ela obrigatoriamente implica uma discussão mais ampla sobre as heranças da escravidão. No Brasil, as pessoas negras representam 51% da população e 76% das mais pobres.

Uma leitura rasa de nossas estatísticas já é o bastante para mostrar que onde a ideia de República está mais longe de se universalizar é nas áreas em que o povo negro é maioria. A favela e os presídios são os exemplos mais dramáticos, mas não os únicos de um racismo que pode ter como pior faceta o fato de não ser assumido.

:: O Negro em Hollywood

O Oscar de 2016 foi marcado pela ausência de filmes dirigidos, roteirizados e interpretados por pessoas negras na noite da entrega das estatuetas, mas também pela justa indignação dos africanos-americanos diante da indiferença da academia em relação à sua produção. Descobriu-se na ocasião que apenas 30 negros tinham sido indicados, decorrentes da produção de 28 filmes. Além de serem poucos, eles só reconheciam a qualidade de filmes em que o negro desempenhava papeis subservientes ou violentos.

A força da democracia estadunidense, onde as grandes instituições são pautadas pela opinião pública, reverteu esse quadro em apenas um ano. Na cerimônia do Oscar de 2017, não apenas havia diversos filmes envolvendo a questão negra concorrendo em diversas categorias, como o prêmio de melhor filme ficou com Moonlight, do diretor Barry Jenkins. Além disso, houve um deslocamento temático, mais presente no filme Hidden Figures (Estrelas além do tempo), cujas protagonistas tiveram importante papel na corrida espacial da Era Kennedy.

Essa tendência só fez se confirmar com a recente aprovação de uma lei do estado de Nova York, destinando não menos que cinco milhões de dólares para a contratação de cineastas ligadas às minorias: “Nos últimos anos, a indústria audiovisual entendeu que o aumento da diversidade na escrita e na direção melhora a qualidade das histórias que aparecem nas telas.”

A dramaturgia brasileira, em sua quase totalidade, é produzida por escritores brancos. Um estudo conduzido pelo Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMA) da UERJ, e divulgado em março de 2017, apresenta dados que foram coletados a partir da análise das 219 maiores bilheterias de filmes brasileiros entre 1995 e 2016. Apenas 3% dos roteiristas são negros. E esta cifra cai para 2% na direção. Não foram encontradas nem diretoras nem roteiristas negras no universo de obras analisadas.

Em um país onde a maior parte da população é negra e esta está sub-representada na mídia, é preciso realizar ações que contribuam para mudar este quadro. Formar e capacitar profissionais negras e negros que possam atuar nas mais variadas funções do audiovisual são ações indispensáveis para mudar este quadro.

Neste contexto, a FLUP e a Film2b aliam suas experiências para criar um projeto com duplo viés: a formação de roteiristas negras e negros para a criação de narrativas audiovisuais e a criação de um ambiente que provoque e instigue a criatividade para fazer emergir histórias e personagens latentes de um universo ainda pouco explorado e representado pela nossa dramaturgia.

                O processo de formação do Laboratório de Narrativas Negras para Audiovisual contará com uma parceria da Globo, que viabilizará a participação de profissionais de sua equipe como palestrantes e oportunidades de capacitação para os selecionados que mais se destacarem.
Quem pode participar?
Pessoas autodeclaradas negras
• Maiores de 18 anos
• Ficha de inscrição corretamente preenchida
• Disponibilidade para participar presencialmente de todos os encontros propostos


Processo seletivo                                                                                                    

• Encerramento de inscrições: 16 de julho de 2017, às 23:59
• Divulgação dos selecionados: 25 de julho de 2017

• Encontro para dirimir dúvidas e esclarecer as etapas do processo: 26 de julho de 2017
Todos os encontros serão presenciais na cidade do Rio de Janeiro, realizados aos sábados, das 14h às 18h. Os palestrantes incluem roteiristas da Rede Globo e do mercado de produção independente do audiovisual.

Clique AQUI para maiores informações e para fazer o cadastramento.

Fontes:todosnegrosdomundo



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