quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Professor Negro, Sofre Preconceito em Minas Gerais e Goiás por ter Cabelo Rastafári

Por Matheus Monteiro
Segundo Pedro Barbosa, clínica se recusou a utilizar seu cabelo em exame toxicológico para renovação da CNH de categoria profissional
O professor de Ciências Sociais na Universidade Federal de Goiás (UFG) Pedro Barbosa, militante do movimento negro,   denunciou ao Ministério Público de Goiás (MP-GO) que sofreu preconceito ao tentar realizar exame toxicológico em um laboratório de Goiânia.
Como sua carteira nacional de habilitação (CNH) é da categoria D, ele tem que realizar exame toxicológico, que alerta para o uso de drogas. 
Em entrevista ao Jornal Opção, Pedro disse que sua habilitação é de Minas Gerais, onde ele realizou a primeira tentativa para o exame.
“Estava de férias em Uberlândia e, ao fazer o teste, avisei que meu cabelo é natural. No dia de entrega do resultado, me ligaram para avisar que eu teria que repetir o exame por ter cabelo sintético, o que não é verdade”, disse o professor.
Já em Goiânia, onde reside e trabalha, Pedro foi orientado a procurar a mesma rede de laboratórios onde tinha realizado o primeiro teste para repetir a coleta. “Fui na última segunda-feira (21/8) e logo me disseram que a coleta não podia ser feita”, afirmou.
“Procurei então pela médica do laboratório que afirmou que não tinha autorização para fazer coleta em cabelo rastafári”, acrescentou. Segundo ele, a profissional não deu justificativa para o impedimento.
Incomodado, então, Pedro prestou queixa ao Ministério Público alegando preconceito. Segundo ele, uma investigação foi aberta, solicitando justificativa do laboratório, que tem sede em São Paulo, mas até o momento nenhuma resposta foi dada.
Jornal Opção tentou contato com o laboratório acusado, mas, por conta do horário de funcionamento, não obtivemos resposta.
Após publicação da matéria, a empresa Psychemedics, que pega o material coletado pelos laboratórios credenciados, explicou que “no caso do doador apresentar “dreads”, apliques e ou extensões tais como “mega hair” não há como realizar a análise do mesmo, uma vez que além dele não ser desembaraçado, muitas vezes está trançado junto com outros materiais tais como cabelos artificiais ou de terceiros, colas, etc.”
Veja a nota na íntegra:
Para a análise toxicológica por amostra de cabelo, é necessário que o doador possua cabelo ainda preso ao couro cabeludo livre de quaisquer substâncias e desembaraçado, que possua o comprimento mínimo de 3,0 a 3,9 cm de comprimento.
No caso do doador apresentar “dreads”, apliques e ou extensões tais como “mega hair” não há como realizar a análise do mesmo, uma vez que além dele não ser desembaraçado, muitas vezes está trançado junto com outros materiais tais como cabelos artificiais ou de terceiros, colas, etc.
Dessa forma, não há como efetuar a análise de cabelo cuja origem não se pode atestar (pode ter cabelos artificiais ou de terceiros dentro da trança, aplique, “mega hair”).
Contudo, não há qualquer impedimento para que o doador se submeta a análise de pelo corpóreo, desde que o mesmo tenha um comprimento mínimo de 2 cm e obtenha um laudo de exame toxicológico que também atenderá as exigências do Denatran.



Fonte:Opção
 Foto: Face Pedro Barbosa

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