segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Mães negras fazem ensaio fotográfico contra tabus da amamentação

Grupo de apoio de mães que se une para trocar experiências começou na internet
 - Reprodução Instagram/ Lakisha Cohill / HC Inc

por o Globo

‘Nós nos tornamos mais fortes e melhores e queremos que outras mulheres sintam o mesmo’, diz uma das integrantes do grupo


RIO - Apesar de tão natural, ainda há muitos tabus com relação à amamentação. Diante desses preconceitos, que, muitas vezes, impedem mães de alimentarem seus filhos em locais públicos, nove mulheres negras fizeram um ensaio fotográfico com o objetivo de desmistificar o assunto dentro de suas comunidades. As imagens poderosas - e empoderadoras - foram inspiradas em deuses: elas aparecem vestindo túnicas pretas e coroas douradas.

Uma das imagens do ensaio fotográfico -
Reprodução Instagram/ Lakisha Cohill / HC Inc

Com o ensaio, o grupo de mães que se formou pela internet espera empoderar outras mulheres negras. O objetivo também da iniciativa é que nenhuma mulher tenha vergonha de amamentar seus filhos. "Amamentar é um presente da mãe para ela, seu bebê e a terra”, diz umna legenda de uma das fotos publicadas no Instagram.

Esse é o segundo ensaio fotográfico do grupo. Tudo começou quando Angel Warren, que é mãe de um filho, fez uma publicação em sua página no Facebook.
“Amamentar, se você pode e escolheu fazer isso, é uma forma perfeita de alimentar seu bebê, independentemente de sua raça,” ela escreveu. As mães que responderam ao chamado de Angel formaram um grupo de apoio, que se chama “Chocolate Milk Mommies” (Mamães leite achocolatado, em tradução livre). Elas passaram a se encontrar com frequência, valorizando a troca de experiências. E elas tinham uma meta em particular: encorajar a amamentação na comunidade negra.
"Nós focamos a comunidade negra para empoderá-las, não para nos separarmos ou fazer com que ninguém se sinta abandonada," disse Rauslyn Adams, membro do grupo, a Cosmopolitan.

Apesar das críticas de sua família de que amamentar seu filho em público seria uma forma de “sexualização” do menino, Rauslyn conta não se importar. “Eu quero que ele fique confortável quando está comendo”, afirmou ela, que faz questão de manter a amamentação saudável do bebê, independente do lugar.

‘Nós nos tornamos mais fortes e mulheres melhores, e queremos que outras mulheres sintam o mesmo”, concluiu ela.

Em uma das imagens do último ensaio publicadas em redes sociais, a fotografa Lakisha Cohill escreveu na legenda: “Eu faço leite achocolatado. Qual é o seu super poder?”. Sua página reúne ainda outros registros das mães alimentando seus filhos.

RELEMBRANDO  por Mônica Aguiar 

Em 2011 a antropóloga Marina Barão, 29, foi impedida de amamentar seu bebê em uma exposição de arte por um segurança . O episódio foi o estopim de uma sequência de manifestações que aconteceram nas redes sociais e nas ruas.

Em maio de 2016, foi aprovado na Câmara Municipal de Belo Horizonte , lei que multa quem proibir mães de amamentarem em lugares público. A lei 1510/2015 de autoria do vereador Gilson Reis (PCdoB) prevê multa de R$500,00 a estabelecimentos que descumprirem a legislação e constrangerem as mães com bebês em período de amamentação. 

Em Campinas, no mês de agosto também de 2016, foi aprovado em unanimidade  projeto de lei que garante o direito ao aleitamento materno em locais públicos ou privados do município e aplicação de multa a estabelecimentos que constrangerem ou proibirem mães de amamentar em público no valor aproximado de R$ 930,00,  caso haja reincidência, o valor será dobrado.

São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina  são estados que contam com Lei  que garantem o direito a amamentação em locais públicos, mas  várias cidades destes estados s tem tomado uma posição de retificar a garantia e punir os estabelecimentos que não cumprem a lei existente.

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